Tráfico humano na Amazônia: exploração sem dó


Cidade do Vaticano (RV)  - Crime vergonhoso e intolerável: assim o Papa definiu o tráfico humano, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes.

A Amazônia ainda é celeiro de meninas exploradas para fins sexuais. Depois de atuar na Paraíba e no Piauí, a Ir. Rose Bertoldo, da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, trabalha em Manaus há cinco anos e fala das características do crime na região. Assim como se depreda o meio ambiente, se depreda a dignidade humana:

"Na Amazônia, o que difere é a questão da exploração sem dó. Da mesma forma que as pessoas exploram a floresta, os bens minerais, que devastam, eu sinto que exploram o ser humano. As pessoas vêm com este intuito de explorar. A gente vê que as mulheres, a floresta, as crianças e os adolescentes são os mais explorados. As pessoas veem esta região como um potencial que podem tirar a vida. Para mim isto é muito forte. Há muitos relatos das pessoas vítimas do crime com requinte de crueldade. As formas de exploração são muito sutis: elas vão tirando a dignidade das mulheres, das crianças e dos adolescentes de uma forma tão sutil que nem se dão conta. Quando se dão conta, já estão num buraco sem saída. Para mim isto é a forma mais violenta. E aí vem a questão da inoperância das políticas públicas, da impunidade. São naturalizadas as formas de exploração nesta região amazônica. Aí as políticas não funcionam, a impunidade é imensa e as pessoas acabam caindo numa conformidade: 'é assim, não tem saída'. Então temos que fazer um trabalho imenso de dizer para as pessoas de que isso não foi sempre assim, isto não é o correto, que existe saída, que existem alternativas. E este é um trabalho pequeno, que temos que fazer na base, com a própria pessoa, para que ela vá se apoderando e que vá também buscando outras alternativas de vida para poder sair dessa situação de vulnerabilidade, de empobrecimento."

Um exemplo do que dizia Ir. Rose é um testemunho extraído do livro  “Tráfico de Mulheres na Amazônia”. Ouça clicando acima.








All the contents on this site are copyrighted ©.