2017-02-02 09:27:00

Tempo de esperança e confiança na comunicação social


A memória de S. Francisco de Sales, dia 24 de janeiro, é todos os anos o momento escolhido para a divulgação da Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Este ano a celebração será a 28 de maio e o tema escolhido pelo Papa é: Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo.

Nesta nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” analisamos a mensagem do Santo Padre e recolhemos as palavras à Rádio Vaticano do Mons. Dario Viganò, Prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, e ainda as declarações à Agência Ecclesia do padre Américo Aguiar, Diretor de Secretariado Nacional das Comunicações Sociais de Portugal e Presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença.

Romper a angústia e deter o medo

O Papa toma estímulo para esta mensagem na frase que encontramos no capítulo 43, versículo 5 de Isaías: “Não tenhas medo, que Eu estou contigo”.

No seu texto Francisco começa por assinalar o estado atual do acesso das pessoas aos meios de comunicação sublinhando que hoje é possível “ter conhecimento quase instantâneo das notícias” que, por sua vez podem ser “boas ou más, verdadeiras ou falsas”.

O Santo Padre oferece esta sua mensagem como “um encorajamento” e a todos exorta para uma “comunicação construtiva que rejeite os “preconceitos contra o outro” e “promova uma cultura do encontro” que permita olhar a realidade com uma “convicta confiança”.

Francisco observa o ambiente da comunicação social e dirige o seu olhar para o sistema de comunicação onde, muitas vezes, “vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção”. Para o Papa esta premissa pode-nos levar à tentação de “anestesiar a consciência” ou então a “cair no desespero”.

O Papa considera que “há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas notícias más”, tais como, as guerras, o terrorismo e os escândalos de todo o tipo. Romper com a angústia significa para Francisco “ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e resignação que muitas vezes se apodera de nós”.

A boa notícia

Na sua mensagem o Papa Francisco procura dar o seu contributo para a procura de um novo estilo comunicativo “aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia”.

É a “lógica da boa notícia” pois, segundo Francisco, a notícia “depende do olhar com que a enxergamos, dos ‘óculos’ que decidimos pôr para a ver e, no fundo, da “chave interpretativa” que usamos para informar.

Partindo da “Boa Notícia por excelência” que para nós cristãos é “a própria pessoa de Jesus”, o Papa afirma que esta é uma boa notícia porque o “sofrimento é vivido num quadro mais amplo” como parte integrante do amor de Jesus ao Pai.

No seu Filho amado, a promessa de Deus que lemos em Isaías: “Eu estou contigo”, assume, segundo o Papa, “toda a nossa fraqueza, chegando ao ponto de sofrer a nossa morte”. E esta é uma “esperança acessível a todos”.

“Visto sob esta luz, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível também duma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir” – escreve Francisco.

Confiar na semente do Reino

Para aproximar os seus discípulos da “lógica do amor que morre e ressuscita” entregando-lhes, assim, os “óculos” adequados para ler a realidade “Jesus recorria às parábolas” – assinala o Papa. “O recurso a imagens e metáforas para comunicar a força humilde do Reino não é um modo de reduzir a sua importância e urgência, mas a forma misericordiosa que deixa, ao ouvinte, o ‘espaço’ de liberdade para a acolher e aplicar também a si mesmo” – diz Francisco.

Trata-se de um “caminho privilegiado para expressar a dignidade imensa do mistério pascal, deixando que sejam as imagens – mais do que os conceitos – a comunicar a beleza paradoxal da vida nova em Cristo” – diz o Santo Padre na sua mensagem sublinhando que o “Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente”.

Comunicar com a força do Espírito Santo

“A esperança fundada na boa notícia que é Jesus faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão” – escreve ainda Francisco recordando que é através da “força do Espírito Santo” que podemos ser “testemunhas” e comunicadores de uma humanidade nova.

O modo de comunicar molda-se na “confiança na semente do Reino de Deus” – diz o Santo Padre – e “quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo, torna-se capaz de discernir” os acontecimentos e “enxergar e iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa”.

“A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa” – escreve o Papa que conclui a sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano de 2017, afirmando que é também hoje “o Espírito que semeia em nós o desejo do Reino, através de muitos ‘canais’ vivos, através das pessoas que se deixam conduzir pela Boa Notícia no meio do drama da história, tornando-se como que faróis na escuridão deste mundo, que iluminam a rota e abrem novas sendas de confiança e esperança.”

A propósito da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais o Mons. Dário Viganò, Prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé prestou declarações à Rádio Vaticano:

“Romper a espiral de uma comunicação negativa, que leva também ao anestesiamento da consciência, significa que, é claro, a história é feita de cinza, de preto por vezes, mas que mantém sempre espirais que se abrem num horizonte de esperança, de proximidade. É isso que somos chamados a fazer: procurar fazer de modo que o mal jamais seja o protagonista vencedor.”

“Os media vaticanos podem ajudar os media internacionais, sobretudo, mostrando os processos e os contextos nos quais se situam e se colocam os anúncios e as mensagens do Santo Padre, porque muitas vezes são descontextualizadas e, por conseguinte, perdem também aquela força própria, aquela pertinência que, ao invés, elas têm.”

Entretanto, em Portugal, o padre Américo Aguiar, Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e Presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, afirmou à Agência Ecclesia que no início de um ano “cheio de dúvidas internacionais, da política à economia, da economia à paz ou à guerra” falar em esperança e confiança “não podia ser mais oportuno”.

Segundo o padre Américo Aguiar, é neste contexto de “muitas dúvidas” que o Papa Francisco quer “provocar” a comunicação e os jornalistas da Igreja Católica e da sociedade em geral, para que sejam “arautos da esperança e da confiança”.

Mudar o chip no que toca à produção e ao consumo de notícias poderá ser o modo para contrariar a falta de audiência das boas notícias nos media – disse ainda à Agência Ecclesia o presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, estabelecido pelo Concílio Vaticano II, através do decreto ‘Inter Mirifica’ em 1963, é celebrado no domingo que antecede o Pentecostes. Neste ano será a 28 de maio.

“Sal da Terra, Luz do Mundo”, é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)








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