Ordem de Malta: o Grão-Mestre se demite


Cidade do Vaticano (RV) - O Grão-mestre da Ordem de Malta, Matthew Festing, demitiu-se quarta-feira (25/01) a pedido do Papa Francisco, em decorrência de um conflito interno. A decisão é bastante incomum, pois o cargo máximo desta Ordem, fundada no século XI, é vitalício.

Em fins de 2016, o afastamento do Grão-chanceler

O conflito teve início quando Festing decidiu afastar um dos mais altos membros da instituição, o Grão-chanceler Albrecht Freiherr von Boeselager, alegando que este teria autorizado a distribuição de preservativos em um projeto para pessoas carentes em Mianmar.

Em sua defesa, Von Boeselager garantiu ter interrompido a colaboração com a ONG encarregada dos dois projetos assim que descobriu o fato. 

O esforço de mediação do Vaticano

Após o afastamento, o Grão-chanceler recorreu ao Papa Francisco, que nomeou uma comissão, composta por cinco elementos, para investigar os motivos do conflito. Matthew Festing não aceitou a ingerência e acusou a comissão de ser ilegítima. O Vaticano, por meio do Secretaria de Estado, pediu novamente aos responsáveis da Ordem para colaborar com a comissão, que devia entregar os resultados até ao final do mês. Em nota, o Vaticano reafirmou a confiança na Ordem e em suas muitas atividades de caridade, e ao mesmo tempo, avalizou o trabalho da Comissão, liderada por Dom Silvano Tommasi.

Quarta-feira (25/01), foi emitido o comunicado anunciando a demissão de Festing. “O Papa pediu-lhe que resignasse e ele concordou”, explicou um porta-voz da Ordem de Malta, que será temporariamente governada pelo Grão-comendador até que seja nomeado o Delegado Pontifício.

Origens da Ordem

A Ordem, com status de entidade soberana, tem apenas membros homens, não clérigos, mas com votos de pobreza, castidade e obediência ao Pontífice. A instituição tem 13.500 membros, 25 mil empregados e 80 mil voluntários em todo o mundo.

Criada para proporcionar proteção e cuidados médicos a peregrinos em visita à Terra Santa durante as Cruzadas, a Ordem mantém relações diplomáticas com mais de 100 países e a União Europeia e é observadora permanente na Organização das Nações Unidas (ONU).

(CM)








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