Os árabes do Golfo Pérsico não correm


Dubai (RV*) - Amigas e amigos, recebam uma saudação fraterna das Arábias. Os árabes do Golfo Pérsico não correm. Parece piada, mas até hoje não vi ninguém correndo, a não ser na prática de esportes.  Por acaso vocês já viram alguma cena com pessoas dessa região, correndo para chegar ao ônibus antes de a porta fechar?  Se algum de vocês observou alguém fazer isso, considere- se especial. 

É extremamente raro, em qualquer lugar dessa parte do mundo, ver alguém correr, principalmente em público. Não somente nas ruas e nos centros comerciais, mas em qualquer lugar. O motivo é simples. É complicado correr, vestindo aquela roupa chamada “abaya” para as mulheres e “kandura” para os homens, que chega até aos pés.   O tamanho do passo é limitado pelo cumprimento da roupa. O único jeito para sair em disparada seria levantá-la até os joelhos e disparar.

 Contudo, isso é impensável no Oriente Médio por modéstia e pela tradição.  Nessa cultura, revelar demais pele é considerado indecente e vergonhoso, enquanto usar roupa conveniente é um sinal de virtude.

Correr é indigno. Significa mostrar carne mais do que o normal, constrangendo o próximo e a si mesmo. Desde muito tempo foi assim no Oriente Médio. Quanto mais alto é o status da pessoa na sociedade, menos provável é que corra. Isso é inadmissível numa figura patriarcal, líder de uma tribo, de uma grande família ou personagem influente.

Tal atitude tradicionalista é contestada numa das mais belas e comoventes histórias narradas por Cristo, a história do filho pródigo.

Nessa parábola, lemos que um jovem quebrou todos os códigos de boa conduta. Pediu antecipadamente sua herança, considerando o pai como já morto. O filho foi embora e gastou tudo. Na sua ausência, o pai olhava o horizonte na esperança de ver o vulto de alguém que pudesse ser seu filho.  Chegou o dia. É a vez de o idoso pai quebrar os códigos de conduta. Faz o inimaginável. Suspende as vestes e corre, expondo suas pernas. do modo mais indigno e imodesto.” Quem o viu deve ter ficado horrorizado.  Onde se viu um ancião  sábio, pilar da sociedade, perder todo o respeito?

 Modéstia, dignidade social, pudores não vêm ao caso. O que interessa é vestir-se com o abraço ao filho que voltou.  Contudo, a corrida escandalosa para a cultura do Oriente Médio, encanta os ouvintes com a mensagem de misericórdia, graça, amor e perdão, evidenciada no abraço. Tudo porque o idoso pai correu.

O legalismo e o tradicionalismo sufocam as pessoas, o amor as liberta.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS








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