Criação e redenção - Plano de amor de Deus


Rádio Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje da Constituição Gaudium et Spes: "Criação e redenção - plano de amor de Deus".

A Relatio finalis, do Sínodo de 1985, lê a Gaudium et Spes em chave salvífico-sacramental. Neste sentido,  a Igreja visível torna-se instrumento de Deus para a redenção do mundo. E instrumento como serviço. A Igreja realiza sua missão de ser sacramento de salvação em Cristo e por Cristo – não simplesmente para Cristo, como instrumento passivo.

A Igreja visível torna-se instrumento de Deus para a redenção do mundo. E instrumento como serviço. A Igreja é servidora. Nisto, a abertura para os grandes problemas vigentes no mundo de hoje. Padre Gerson Schmidt:

"Dissemos aqui que a Criação e a Salvação encontram-se no mesmo impulso amoroso de Deus por nós, seres humanos, conduzindo-nos à glorificação pascal. É o mesmo plano de amor de Deus. A redenção é a recapitulação da história humana para reconduzi-la a sua verdadeira fonte – o amor de Deus.

Isso tudo implica levar a sério o mistério da encarnação. Cirilo de Alexandria[1] lutava contra a tendência de diminuir o significado do mistério da encarnação, entendendo-o como a imersão do mistério do Filho na condição humana. Nesse mesmo sentido, expressa-se Santo Ireneu: Contudo, o Verbo salvador se tornou aquilo mesmo que era o homem que se perdeu para salvá-lo, operando assim em si mesmo a comunhão com o homem e a sua salvação. O que se perdera tinha carne e sangue, porque foi usando o limo da terra com que Deus plasmou o homem e era justamente por este homem que se devia realizar a economia da vinda do Senhor[2].

Esta é a missão da Igreja no mundo de hoje. Nada mais atual. O serviço ao mundo, a Igreja o faz em Cristo, e não simplesmente para Cristo ou em seguimento a Cristo ou por Cristo. A passagem a Cristo, realizada por todo o membro do Povo de Deus pelo Batismo, e aprofundada pela assembleia inteira na Eucaristia dominical, não é só de ordem estática, mas dinâmica, em ordem da vocação para o serviço do Pai.

Nesse sentido, pode-se entender a imagem da Igreja como Esposa de Cristo, enquanto é atualização na história de hoje de sua obra de salvação. Para tal, ela é conduzida pelo Espírito Santo. O serviço que a Igreja realiza ao amor do Pai, no poder do Espírito Santo, para esse fim enviado pelo Senhor Jesus, é o de universalizar, ou seja, de catolicizar o dinamismo da comunhão[3].

A Igreja realiza sua missão de ser sacramento de salvação em Cristo e por Cristo – não simplesmente para Cristo, como instrumento passivo. A Igreja em Jesus Cristo, como sacramento universal de salvação, se vê atingida por esse mesmo dinamismo da recapitulação. Por isso, o Relatio finalis do Sínodo de 1985 lê a Gaudium et Spes em chave salvífico-sacramental[4]. A Igreja visível torna-se instrumento de Deus para a redenção do mundo. E instrumento como serviço. Assim como Jesus entende e descreve a sua missão, em termos de Servo de Javé, a Igreja também se compreende como serva, isto é, a serviço da salvação do mundo. Ela é servidora. Aí a abertura para os grandes problemas vigentes no mundo de hoje.

Como conclusão geral, percebe-se que os frutos dessas duas Constituições são inegáveis. Bernard Lambert afirma que a Gaudium et Spes deu um pujante impulso à vida da Igreja, que se exerceu sobre a evangelização, a cultura, a vida econômico-social e a paz".

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[1] In Sources Chrétiennes 97, p. 431-433.

[2] IRENEU DE LIÃO, Adversus Haereses V, 14:2 (São Paulo: Paulus, 1995), p. 555.

[3] Cf. J. M. R. TILLARD, A teologia subjacente à Constituição: a Igreja e os valores terrestres. In G. BARÚNA, A Igreja no mundo de hoje, p. 230.

[4] A. SCOLA, op. cit., p. 107








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