Massacre em Roraima: Pastoral reforça agenda pelo desencarceramento


Boa Vista (RV) – Um novo massacre com pelo menos 33 presos mortos foi registrado na madrugada desta sexta-feira (6) em Boa Vista, cinco dias após aquele de Manaus que vitimou fatalmente 56 detentos. Segundo informações preliminares da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), a situação já está sob controle na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a maior de Roraima, que fica no interior de Boa Vista.

Segundo Maria da Conceição do Nascimento, da Pastoral Carcerária local, a unidade já tinha sido alvo de confronto de facções rivais em outubro de 2016, quando 10 presos morreram e familiares foram feitos reféns. Até aquele período, a penitenciária agrícola, que fica na zona rural de Boa Vista, abrigava 1,4 mil presos, o dobro da capacidade.

Os dois massacres neste início de ano na região norte do Brasil, no Amazonas e agora em Roraima, acontecem em meio ao convite universal do Papa Francisco pela “não-violência” que possa “guiar o modo como nos tratamos uns aos outros. Ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência”.

Pastoral Carcerária e a denúncia frequente da violência

Do Brasil e conhecedor do panorama do sistema penitenciário, o coordenador Nacional da Pastoral Carcerária, Pe. Valdir João Silveira, faz um apelo: “Não somos cães mudos! Temos que gritar, temos que denunciar a violência que está se agravando com os mais frágeis da nossa sociedade! Rezamos, pedindo luz e sabedoria ao Divino Espírito Santo para que possamos criar um mundo mais humano, mas não podemos ficar calados perante tantas mortes e tantas violências do Estado que sempre acaba pondo, toda a culpa, nos mais frágeis! O sangue que vem sendo derramado nos presídios, grande parte é resultado  dos bons que nada fizeram”, acrescenta Pe. Valdir.

Proposta de Agenda pelo Desencarceramento

Ainda segundo o coordenador, a Pastoral há tempos denuncia a grave situação carcerária do país, “prevendo esta barbárie” e anunciando uma forma diferente de abordagem, “profeticamente, com a Agenda pelo Desencarceramento. Temos que gritar: não ao encarceramento! Não à desigualdade social! Não às torturas e aos tratamentos desumanos e crueis do sistema prisional! Não, mil vezes se necessário, não ao sistema penal e prisional! Temos que gritar, com toda a fé e compromisso, com toda a Misericórdia: queremos um mundo sem cárceres!”, finaliza Pe. Valdir.








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