2017-01-06 15:42:00

Crianças que ajudam crianças - Papa encoraja a infância missionária


Na rubrica deste dia 6 de Janeiro de 2017,recordamos o Dia da Infância e Adolescência Missionária, sublinhando, como fez o Papa no Angelus, o seu caracter educativo, mas também a sua história e desenvolvimento. Evocaremos alguns exemplos de solidariedade a que as crianças de dois países africanos foram levadas e ouviremos um extracto da entrevista que D. Óscar Braga, bispo emérito de Benguela, nos concedeu acerca da Pastoral da Criança por ele coordenado em Angola. É um serviço um pouco diferente da infância missionária, mas sempre orientada para o desenvolvimento físico e espiritual da criança já a partir do ventre da mãe.

Hoje, 6 de Janeiro, solenidade da Epifania - como sublinhou o Papa Francisco, depois da oração do Angelus – é também Dia Mundial da Infância e da Adolescência Missionária, que recorda o empenho das crianças a favor doutras crianças tanto no campo material como espiritual. O Papa encorajou todas as crianças do mundo a se empenharem na difusão do evangelho, saudou crianças de algumas regiões da Itália presentes na Praça de São Pedro (não obstante o frio intenso) e agradeceu a Pontifícia Obra Missionária, por este servido educativo, sublinhou.

A iniciativa hoje conhecida como Infância e Adolescência Missionária, surgiu em 1843 graças ao bispo de Nancy, na França, D. Charles Forbin-Janson, e de uma mulher muito activa na difusão da fé: Paulina Jaricot.

D. Charles sonhava ir como missionário à China, facto que infelizmente, nunca aconteceu, mas estava em contacto com muitos missionários que lhe escreviam, relatando as difíceis situações de indigência em que muitas crianças viviam naquele país asiático. Sentiu-se, então, profundamente interpelado por esta situação e pedindo conselho a Paulina Jaricot que tinha fundado a Pontifícia Obra de Propagação da Fé, surgiu a ideia de envolver as crianças da França na ajuda às suas coetâneas chinesas: “uma Ave Maria por mês e uma moedinha por dia”. Foi uma ideia revolucionária para a época e acabou por espalhar-se pelo mundo inteiro sob o lema: “As crianças ajudam as crianças”. Ajuda para o sustento, para a educação, o baptismo, a vivência espiritual, especialmente no seio de povos que não conhecem Jesus Cristo, mas, cada vez mais, independentemente da raça, cultura ou religião.  

Em 1922, o Papa Pio XI declarou a “Obra da Santa Infância” (como era chamada inicialmente na França) Pontifícia, isto é de toda a Igreja, juntamente com as Obras Missionárias de Propagação da Fé, e de São Pedro Apóstolo. A elas, o Papa Pio XII juntou, em 1956, a União Missionária, constituindo assim as Pontifícias Obras Missionárias, sob a alçada da Congregação para a Evangelização dos Povos. Seis anos antes, em 1950, o próprio Papa Pio XII instituía oficialmente o Dia Mundial da Santa Infância, declarando como dada da celebração do dia Epifania, mas dando a liberdade a cada nação de adaptar a data às suas exigências locais.  Hoje a Obra Pontifícia da Santa Infância está presente em 150 países dos quatro continentes.

E o que fazem exactamente as crianças e adolescentes missionários a favor dos seus coetâneos?

Antes de mais a oração: rezam todos os dias por outras crianças e pela difusão da mensagem evangélica –lê-se no página web da Congregação para a Evangelização dos Povos. Depois, colectas, fruto do sacrifício delas próprias e de todos aqueles que querem garantir um futuro melhor às crianças do mundo.

Esses dons são recolhidos pelas Direcções Nacionais e enviadas para o Fundo Universal de Solidariedade da Infância Missionária que os redistribui a milhões de crianças necessitadas no mundo inteiro.

Graças a essas ajudas, muitas crianças podem comer, estudar, ter um abrigo, curar-se e, sobretudo, conhecer Jesus que se torna visível através desses gestos de amor.

Com o seu comportamento e com a sua mensagem, as crianças e adolescentes missionários, dão também testemunho, exemplo de vida e solidariedade a outras crianças, num processo educativo, como dizia o Papa sublinhando o caracter educativo do Dia da Santa Infância, ou infância missionária.

As crianças e adolescentes são assim inseridas na tarefa missionária de evangelização e de solidariedade, dois aspectos fundamentais para a vida da Igreja e da sociedade. Elas são, portanto, ajudadas pelos adultos a crescer neste espírito de partilha da fé e de bens materiais.

Um exemplo eloquente neste sentido, chega-nos estes dias da RDC, país do qual nos habituamos nas últimas décadas a receber notícias tristes, de morte, estupro, violação de direitos humanos, injustiças... Pois bem, em nome das crianças deste país africano, chegou estes dias uma ajuda de 238 Euros para as crianças da Itália central, afectadas pelo terramoto do verão passado. A RAI, televisão pública italiana e diversos jornais deram a notícia, sublinhando o facto de ser em nome de crianças para crianças. Um dos grandes quotidianos do país,  “La Stampa”  refere que esse dinheiro foi enviado de Kingoué, no sudoeste da RDC, um distrito que reúne trinta aldeias com cerca de 15 mil habitantes, nas margens da floresta fluvial, onde não há nem electricidade, nem água canalizada. Nove habitantes em cada dez não têm ordenado, a maioria vive da agricultura e da criação de gado.

Em finais de Agosto – refere o jornal – o P. Guislain, congolês (que estudou em Roma e criou a Associação de Amizade Itália-RDC), quando soube do terramoto na Itália central mostrou aos seus paroquianos imagens de Amatrice, Accumuli, Arquata e outras localidades destruídas pelos repetidos  sismos.

Com grande esforço envolveu muita gente na recolhar fundos, até chegarem aos 156 mil francos congoleses, correspondentes a 238,43 euros que o P. Guislain, em nome das crianças de Kingoué, enviou ao grupo italiano “MultiSolidariedade”, dizendo-lhes que dado que têm feito muitos gestos de solidariedade para com a RDC, desta vez eram eles a ajudar as crianças italianas afectadas pelo terramoto, manifestando também eles a sua solidariedade.

Recordamos ainda, que as crianças da RCA, às quais eram destinadas, inicialmente os frutos do Concerto realizado a 17 de Dezembro, no Vaticano, foram levada a partilhar os frutos desse gesto de generosidade de muitas pessoas, com as crianças da Itália central, afectadas pelo terrível sismo que destruiu aldeias inteiras. Esse concerto, recordamos, surgiu do desejo do Papa Francisco de fazer algo para o Hospital Pediátrico de Bangui, que visitou no início do Ano da Misericórdia, e da adesão a essa ideia do cantor italiano, Claudio Baglione, da Gendarmaria Vaticana, na comemoração dos seus 200 anos de vida, e de várias outras pessoas.

As crianças, sabemos são a garantia da continuação da humanidade e investir no seu são crescimento material e espiritual é fazer com que a humanidade continue a existir e seja realmente humana. Por isso todos os serviços neste sentido são bem-vindos. É o caso da Pastoral da Criança, um serviço difuso em Angola e que é coordenado por D. Óscar Braga, bispo emérito de Benguela. Esse serviço tem por objectivo cuidar da criança já no ventre da mãe, proporcionando-lhe um clima sereno, e depois, com a alimentação e curas médicas nos primeiros cinco anos de vida.  

(DA) 

 

 








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