Pastoral Carcerária: o problema é o encarceramento em massa


Manaus (RV) - O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse em entrevista coletiva na noite de segunda-feira (2/1) em Manaus, que os líderes das facções que comandaram os ataques que causaram a morte de 60 presos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) serão transferidos para presídios federais assim que forem identificados.

A rebelião de domingo (1/1), segundo o Governo do Amazonas, é resultado de uma guerra entre as facções Família do Norte e PCC (Primeiro Comando da Capital) pela disputa de espaço no tráfico de entorpecentes no Estado. O motim, o maior em um presídio brasileiro desde o ocorrido no Carandiru, terminou com a fuga de 184 presos, dos quais 136 ainda estariam foragidos.

Pe. Gianfranco Graziola é o Vice-Coordenador Nacional da Pastoral Carcerária. Entrevistado pela RV, ele denuncia o fenômeno do encarceramento em massa e a comercialização do sistema carcerário brasileiro.

“No Brasil, temos o chamado ‘encarceramento em massa’. É o país ao mundo que mais encarcera. Hoje em dia, os dados apontam que é o terceiro país ao mundo que tem mais pessoas encarceradas ou privadas de liberdade e está num crescendo muito grande, contrariamente aos Estados Unidos, a China ou a Rússia, que esto num processo de desencarceramento porque não acreditam que o cárcere vai resolver problemas. E também nós da Pastoral, como entidade da Igreja, não acreditamos. O cárcere é um produtor de criminalidade, um produtor de violência, um produtor de tortura. Nós temos apresentado isto muito claramente com dados e isto tem tido repercussões, mas parece que não são suficientes para combater esta luta entre as facções, sobretudo este comércio que se tornou o sistema carcerário brasileiro”.

“Como Igreja, como Pastoral, temos esta dimensão que não é apenas a da evangelização, no sentido de pregadores, mas é sobretudo de denúncia, de querer o desencarceramento: esta é a nossa batalha, este é o nosso lema, o nosso trabalho, através de uma agenda com dez pontos bem concretos, e que leva ao desencarceramento. Ela questiona pontos fundamentais como a questão das drogas, a questão de uma justiça que é vertical e não horizontal ou restaurativa, e com a responsabilização da própria sociedade sobre os seus problemas, e o enfrentamento dos mesmos de uma forma coletiva e democrática”. 

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(Alessandro Guarasci/CM)








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