Cristãos e muçulmanos atingidos e unidos contra o terrorismo


Ancara (RV) – Além de expressar sua proximidade ao povo turco em referência ao recente atentado de Istambul, reivindicado nesta segunda-feira (2) pelo autoproclamado Estado Islâmico que vitimou 39 pessoas, o Papa Francisco lançou um apelo durante o Angelus para “enfrentar a chaga do terrorismo”.

Sobre essa “mancha de sangue que envolve o mundo com uma sombra de medo e desânimo”, a Rádio Vaticano entrevistou Dom Paolo Bizzeti, vigário apostólico de Anatólia, na Turquia, conhecida como Ásia Menor. Ele comentou a mensagem do Santo Padre no Dia Mundial da Paz sobre “assumir a não-violência como estilo por uma política de paz”.

Dom Paolo – Acredito que as palavras do Papa tenham claramente expressado o sentimento de toda a Igreja católica, ou seja, a proximidade a esse grande e glorioso povo num momento extremamente difícil da sua vida. O Papa manifestou os sentimentos de todos nós católicos que vivemos na Turquia. Estamos profundamente entristecidos com o que está acontecendo e profundamente preocupados pela série de atentados que minaram a tranquilidade da nação.

Contra o terrorismo, forte cooperação entre nações

RV – Nesta manhã, a reivindicação pelo atentado do autoproclamado Estado Islâmico. No domingo, inclusive o Papa, durante o Angelus, denunciava esse terrível tormento do terrorismo.

Dom Paolo – Nos últimos anos, acredito que, infelizmente, foi subestimada a periculosidade do que está acontecendo no Oriente Médio, com o autoproclamado Estado Islâmico, de maneira especial. Talvez se tenha esperado muito, visto que já existiam tantos sinais dessa crueldade totalmente estúpida e totalmente desumana. Acredito que seja realmente necessária uma forte cooperação entre todas as nações dessa área para cortar as raízes desse terrorismo que são o comércio das armas, a inércia no enfrentar esse autoproclamado Estado Islâmico... É necessário que todos se manifestem com grande clareza e, sobretudo, com ações muitos fortes.

RV – Um outro dado que emerge e que, entre outras coisas, o Papa sublinhou mais de uma vez, é que as vítimas do terrorismo são todos: cristãos e muçulmanos, sem distinção. E vemos isso também na Turquia, em diversas ocasiões.

Violência em nome de Deus não é legítima

Dom Paolo – Exato. Esse talvez seja o aspecto que, às vezes, na Europa, é subestimado. Quem paga o preço mais alto dessas tragédias e desse Estado Islâmico, também na Síria, não são os cristãos, mas os próprios muçulmanos. Vejo que as pessoas, também aquelas mais simples, estão vivendo um drama muito forte porque essa gente diz agir em nome de Alá. Também por esse motivo eu dizia que é necessária uma mobilização das consciências e uma mobilização religiosa e, como o Papa disse mais de uma vez, é preciso que seja sempre mais claro a todos que a violência em nome de Deus não é nunca legítima.

RV – O pequeno rebanho, a comunidade cristã na Turquia, como está vivendo essa situação dentro de uma problemática que acaba se referindo a todos? Em particular, como estão vivendo os cristãos?

Dom Paolo – Por esses aspectos, eu diria que os cristãos vivem aquilo que vivem todos. Existe dor, desânimo, medo, incerteza. Perante esses episódios de terrorismo, eu diria que somos todos iguais: certas barreiras são derrubadas porque todos são atingidos de maneira indiscriminada.

(Alessandro Gisotti/AC)








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