Núncio na Síria: presença dos cristãos fundamental para o país


Damasco (RV) – “Existe uma única solução para deter o êxodo, não somente dos cristãos, mas de todos os sírios: o fim da violência, o acesso das ajudas humanitárias e o acordo político”. É o que defende o Núncio Apostólico na Síria, Cardeal Mario Zenari, em entrevista ao L’Osservatore Romano.

Êxodo de cristãos empobrece a Síria

“Os cristãos – observa o purpurado - devem ser ajudados não somente do ponto de vista econômico. Mas devem ser apoiados na sua missão, que é muito importante na Síria. Sendo minoria em um país de maioria muçulmana, podem ser um sinal vivo. Fazem, de certa forma, o papel de ponte entre os vários grupos religiosos. A partida deles deixa, objetivamente, o país mais pobre. Eles têm uma mentalidade universal, são um pouco como que uma janela para o mundo”.

“Mais de uma vez – revela Dom Zenari - vieram conversar comigo alguns líderes religiosos provenientes de várias partes da Síria. Expressaram seu desgosto ao ver os cristãos partir. Isto porque a presença deles é um elemento muito importante e o êxodo deles provoca um empobrecimento social e cultural. Certamente, o sofrimento na Síria é universal. É difícil dizer quem sofreu mais entre os vários grupos étnicos e religiosos: todos tiveram os seus mártires! Está claro, todavia, que as comunidades mais a risco são as minoritárias. E entre estas, uma das mais frágeis é a dos cristãos”.

Importância das associações caritativas

Neste contexto, as associações caritativas “têm uma grande importância, mas são somente uma gota em um mar de necessidades. Antes de tudo, representam um valor a mais que sempre caracterizou a presença dos cristãos nestes locais. Penso em particular – diz o Núncio – nos sacerdotes, nos religiosos e nas religiosas. Na mentalidade de uma pessoa muçulmana, a presença de uma pessoa religiosa, mesmo que um único indivíduo, representa muito”.

“Em muitas zonas – explicou ele – isto é de ajuda não somente aos cristãos, mas também aos muçulmanos, que a veem como um sinal de Deus que se manifesta por meio dos consagrados. Portanto, além do valor material das ajudas, existe este valor a mais”.

Apoio externo

“Por isto encorajo sempre todos a permanecerem aqui enquanto for possível. Gostaria de recordar três paróquias que estão em uma área sob o controle do Al-Nusra, considerado um grupo terrorista. Eles as deixam sobreviver, mesmo com muitas limitações, como a proibição de tocar os sinos e de expor cruzes. Os cristão procuram, no entanto, marcar presença com sua permanência. A custo de sacrifícios, naturalmente, mas sustentados também pelas ajudas enviadas por alguns dicastérios vaticanos, como a Congregação para as Igrejas Orientais e o Pontifício Conselho Cor Unum”.

Hospitais católicos

O Núncio Apostólico na Síria também fez questão de recordar os cinco hospitais católicos que funcionam no país há mais de cem anos, “dois em Damasco e três em Aleppo, explicou. Neste momento passam por grandes dificuldades, porque os doentes não têm nenhuma assistência comparável àquela de nossos países europeus. Portanto, os hospitais não recebem nenhuma contribuição, mesmo tendo muitas despesas e tendo que manterem-se como podem. Por isto se está buscando ajudas, para que as estruturas possam permanecer abertas e gratuitas para todos. Fazemos uso da generosidade das nossas instituições fora da Síria e do apoio privado.  Ademais, a situação geral é desastrosa. Fala-se de mais da metade dos hospitais da Síria fora de uso porque foram bombardeados ou danificados por morteiros”.

(JE/Osservatore Romano)








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