Gaudium et Spes: Igreja e o caminho missionário


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje, da Constituição Apostólica Gaudium et Spes.

Esta última edição de 2016 deste nosso espaço dedicado ao Concílio Vaticano II, vamos dedicar à Missão da Igreja no mundo de hoje, tema proposto pelo importante documento conciliar Gaudium et Spes. A reflexão é do Padre Gerson Schmidt - incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre - e que tem nos acompanhado na exposição dos documentos conciliares. Vamos ouvir:

"Escreve o conhecido teólogo francês Pe. Marie-Dominique Chenu¹, colaborador do Concílio Vaticano II, que o título do capítulo IV, da primeira parte do documento, retoma o título da própria Constituição: A missão da Igreja no mundo de hoje. No seu conjunto, a Constituição Pastoral especifica o seu objetivo formal, em termos de missão.

Depois de três capítulos sobre a vocação da pessoa humana, sobre a sua dignidade (primeiro capítulo), a comunidade humana (segundo capítulo) e a atividade humana (terceiro capítulo), o documento aborda a missão da Igreja para com o mundo contemporâneo, no qual explica as razões da relação da Igreja com o mundo. A intenção fica clara na introdução da primeira parte: “O Povo de Deus e o gênero humano, no qual aquele está inserido, prestam serviço mútuo, manifestando-se, assim, o caráter religioso e, por isso mesmo, profundamente humano da missão da Igreja” (Gaudium et Spes 11). Quer dizer que o Povo de Deus é um povo inserido no mundo². 

Cabe bem aqui uma das importantes frases do Pe. Chenu, falando dessa unidade da história salvífica dentro da história da humanidade: "O cristianismo situa-se no tempo vinculando-se assim à história. É uma força histórica na transformação do mundo e isto, não somente em virtude de quaisquer benefícios esporádicos, mas como um fermento que faz levedar a massa. A salvação é sem dúvida pessoal e realiza-se numa comunhão exclusiva e íntima com Deus. Não se pode, porém, efetuar fora da comunidade humana". Portanto o mundo, é o palco, onde Deus se revela e salva e onde a Igreja tem seu papel fundamental de transformação do mundo, palco salvífico, por meio do Evangelho, pela graça de Cristo.

Concluindo, lembremos as palavras do Papa Francisco, na homilia de abertura do Ano da Misericórdia, frisando aquela outra porta que, há cinquenta anos, os Padres do Concílio Vaticano II escancararam ao mundo: “O Concílio foi também, e primariamente, um encontro; um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo. Um encontro marcado pela força do Espírito que impelia a sua Igreja a sair dos baixos que por muitos anos a mantiveram fechada em si mesma, para retomar com entusiasmo o caminho missionário.

Era a retomada de um percurso para ir ao encontro de cada homem no lugar onde vive: na sua cidade, na sua casa, no local de trabalho… em qualquer lugar onde houver uma pessoa, a Igreja é chamada a ir lá ter com ela, para lhe levar a alegria do Evangelho. Trata-se, pois, de um impulso missionário que, depois destas décadas, retomamos com a mesma força e o mesmo entusiasmo”.

Repetimos aqui a missão da Igreja no mundo de hoje, no entender do Papa Francisco: A Igreja precisa retomar o caminho missionário, a retomar um percurso para ir ao encontro de cada homem no lugar onde vive: na sua cidade, na sua casa, no local de trabalho… em qualquer lugar onde houver uma pessoa, a Igreja é chamada a ir lá ter com ela, para lhe levar a alegria do Evangelho. A Alegria do Evangelho – Evangelii Gaudium - título da encíclica do Papa Francisco em que ele retoma a tônica da grande Encíclica de Paulo VI – Evangelii Nunciandi – marco histórico da busca da Igreja de ser missionária e levar a boa Nova a toda a criatura”. 

 

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¹ Marie-Dominique Chenu, OP (Soisy-sur-Seine, 1895 - Convento de Saint-Jacques - Paris em 11 de Fevereiro de 1990), teólogo francês com grande influência no Concílio Vaticano II[1].

² Cf. MARIE-DOMINIQUE CHENU, A missão da Igreja no mundo de hoje. In G. BARAÚNA, op. cit., p. 337- 356.

VI – Evangelii Nunciandi – marco histórico da busca da Igreja de ser missionária e levar a boa Nova a toda a criatura.

 








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