Índios não são donos da terra. Cuidam dela, ela cuida de nós


Cidade do Vaticano (RV) – A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), reconhece que “o respeito aos conhecimentos, às culturas e às práticas tradicionais indígenas contribui para o desenvolvimento sustentável e equitativo e para a gestão adequada do meio ambiente”.

A relação entre os índios e a natureza é pautada por dois elementos básicos: respeito e equilíbrio. Os especialistas afirmam que as comunidades indígenas são modelos inspiradores de vida sustentável. Os índios não usam mais do que precisam; obtêm sua nutrição física e espiritual a partir do ambiente natural e ao contrário do que se vê na sociedade não indígena, a extração é entendida como necessidade e tratada com respeito.

Ou seja, os alimentos necessários para a sobrevivência são retirados, mas há a manutenção de uma relação harmoniosa e de equilíbrio com o meio ambiente. A ação revela uma extração sem dominação do meio, marca registrada da ação da sociedade em geral. Os índios entenderam que não são donos da terra, mas que deve haver uma relação de trocas de reciprocidade com o meio ambiente.

Nosso hóspede é Francisco (Chico) Loebens, membro do Comité Executivo Ampliado da REPAM, Rede Eclesial Pan-amazônica e do Cimi, Conselho Indigenista Missionário, Regional Norte I, que abrange Amazonas e Roraima. Ouça-o aqui:

“Os desafios são enormes. Os povos indígenas ultimamente na Amazônia tiveram conquistas importantes na afirmação de direitos que asseguram a possibilidade de seus projetos de vida futura, sobretudo na demarcação de terras; também tiveram conquistas em termos legais na Constituição de 1988, mas estes direitos territoriais e demais direitos hoje estão seriamente ameaçados porque existe um grande movimento no sentido de impor um retrocesso nestas conquistas”.

“Na Amazônia, os povos indígenas são aqueles que se opõem à devastação, dão uma contribuição muito grande no sentido de evitar que a Amazônia seja devastada. Então, se hoje a gente enxerga, por exemplo, no ato do desmatamento na região Norte do Mato Grosso, no estado do Pará e também em Rondônia, podemos ver as manchas verdes no mapa que indicam as áreas dos territórios indígenas”.

O Papa reconhece este papel relevante que os povos indígenas têm na dimensão do cuidado com a Casa Comum e neste sentido, tenho destacado a relevância de a Igreja estar caminhando junto com os povos, de estabelecer uma grande aliança, porque na verdade são eles que no processo histórico sempre cuidaram melhor da natureza, desta Casa Comum. Temos muito a aprender com eles”.

Eles não são donos, se sentem parte, e por isso, cuidar da terra, para que a terra cuide de nós”. 

(cm)








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