Celebrando o Natal nas Arábias


Dubai (RV*) - A festa cristã do Natal, de uma forma ou de outra, influenciou todos os recantos do planeta. Nos países de lastro cristão, celebra-se o nascimento de Cristo mesmo sendo descaracterizado pelo consumismo. Existem também países nos quais o Natal é apenas sinônimo de tempos bons para negócios, sem que sejam vistos símbolos natalinos propriamente ditos nas decorações. Nos Emirados Árabes Unidos, luzes em profusão com animação podem ser vistas em lojas, hotéis e logradouros públicos sem fazer alusão ao nascimento de Cristo.

Certamente, as celebrações natalinas num país islâmico despertam a curiosidade em muita gente. De fato, devido à violência praticada por grupos radicais, principalmente, contra os cristãos, a tendência é presumir que todos os islâmicos são radicais e intolerantes. Contudo, essa concepção não condiz com os Emirados Árabes Unidos. Aqui, todas as religiões têm seus lugares de culto, em áreas cedidas pelas famílias reinantes, onde é permitido realizar atividades relacionadas com a religião.

Considerando que, neste país, todos são expatriados, sem direito à residência definitiva e à possibilidade de conquistar a cidadania local, as denominações cristãs e religiões servem seus fiéis visando a manutenção da espiritualidade e dos ritos como são no país de origem, facilitando sua reintegração quando retornarem às suas comunidades.  Portanto, não existe a preocupação de incentivar nos expatriados a inserção na sociedade local. Dessa forma, as funções religiosas são conduzidas de acordo com os ritos e as cores culturais de cada país ou região.

Na Igreja de Santa Maria de Dubai, a maior paróquia com expatriados do mundo, e nas outras sete espalhadas pelo país, os grupos nacionais, além de vivenciarem suas devoções características e liturgias, organizam eventos sociais e culturais típicos. Evidentemente, comidas com a imensa variedade de sabores também estão disponíveis para satisfazer os paladares.

Nos tempos litúrgicos de Quaresma e Advento, além dos sacerdotes servindo aos grupos linguísticos, outros chegam da África e países asiáticos; são bem-vindos para apoiar seus fiéis longe de casa, pregando retiros e celebrando a eucaristia na língua dos países ou regiões de origem.  Línguas asiáticas, latinas, saxônicas, eslavas, africanas e o árabe compõem uma sinfonia global. A internacionalidade a plurirreligiosidade podem ser respiradas em todas as dependências do complexo da igreja.  À frente do pórtico da igreja, às noites de sexta-feira e domingo, os grupos de cada país são previamente escalados para oferecer um concerto natalino com as canções típicas de seu país ou grupo étnico.

A preparação para o Natal é muito rica e frequentada. Além da novena conduzida em inglês para todos, cada nacionalidade faz sua preparação de acordo com as características de suas comunidades, mas nem todas seguem novenários, concentrando a atenção em Cristo no dia de Natal.

Dentre todas as nacionalidades representadas no país, o grupo que causa mais impacto é o filipino. Reúnem-se de 25 a 30 mil pessoas em cada missa dos nove dias que antecedem a Festa de Natal, trazendo para as celebrações sua religiosidade simples, dramatizada e embalada por hinos natalinos em homenagem a Jesus Menino e a “Mama Mary.”.

Merecem destaque, igualmente, os ritos litúrgicos. Além do mais popular rito latino, a Igreja de Santa Maria é o espaço para a celebração da Eucaristia, usando os ritos de tradição bizantina, Siro-Malabar e Siro-Malancar. Logicamente, os cristãos de ritos orientais, prolongam as festividades para nós, pois eles celebram o nascimento de Cristo no dia 7 de janeiro.

 Línguas, ritos, cores, música e vestuário dão a ideia de um novo Pentecostes nas Arábias com a participação de mais de 40 nacionalidades e muitos grupos étnicos. Sem dúvida, a Igreja de Santa Maria em Dubai pode ser considerada como uma das vitrines da Igreja Católica para o mundo.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS








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