Tristeza e luto pela morte do Card. Arns


São Paulo (RV) – A notícia da morte do Cardeal Paulo Evaristo Arns repercutiu no Brasil e a imprensa internacional deu muito destaque à perda. Várias entidades ligadas à Igreja emitiram notas de pesar. Dom Paulo tinha 95 anos, 71 anos de sacerdócio e 76 anos de vida franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998.

CNBB

A CNBB, em nota assinada pelo Secretário-geral, Dom Leonardo Steiner, afirma que “em seu ministério episcopal, especialmente durante os penosos anos do regime de exceção vividos pelo Brasil, ele foi sempre um pastor símbolo da fidelidade à Palavra de Cristo e aos Ensinamentos da Igreja... deu significativa contribuição na luta contra a tortura e o restabelecimento da democracia”.

Dom Arns, como Francisco de Assis, encontrava na prática de Jesus a motivação fundante para sua predileção pelos pobres e desamparados da sociedade conforme declarou em uma de suas obras mais conhecidas: "Jesus não foi indiferente nem estranho ao problema da dignidade e dos direitos da pessoa humana, nem às necessidades dos mais fracos, dos mais necessitados e das vítimas da injustiça. Em todos os momentos Ele revelou uma solidariedade real com os mais pobres e miseráveis (Mt 11, 28-30); lutou contra a injustiça, a hipocrisia, os abusos do poder, a avidez de ganho dos ricos, indiferentes aos sofrimentos dos pobres, apelando fortemente para a prestação de contas final, quando voltará na glória para julgar os vivos e os mortos" (Da esperança à utopia: testemunho de uma vida).

O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB, Carlos Moura, disse que Dom Paulo Evaristo Arns deixa o legado de colocar na agenda pública nacional a inviolabilidade da vida humana: “Quem conviveu com o religioso teve a oportunidade de escutar 'de esperança em esperança', esse quase lema que o acompanhou nos tempos mais difíceis da história nacional, quando o autoritarismo era lei que prendia, torturava e condenava quem discordasse da Lei de Segurança Nacional”, afirma, em nota.

O trabalho pastoral de Arns foi voltado principalmente aos moradores da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base nos bairros e à defesa e promoção dos direitos humanos. O livro de sua autoria ‘Brasil: nunca mais’ retrata os mecanismos de tortura e outras graves violações a direitos humanos durante a ditadura militar brasileira.

Pastoral da Criança

A Coordenação Nacional da Pastoral da Criança atesta que Dom Paulo foi “o grande responsável por semear a criação da Pastoral da Criança” em 1982, projeto desenvolvido por sua irmã, a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, e que busca reduzir a mortalidade infantil.

Em nota, a Pastoral disse que a vida do cardeal foi marcada por uma série de ações voltadas às populações mais pobres e necessitadas: “Ele foi um exemplo de que os ensinamentos cristãos se concretizam no contato com o povo, pelo viés da solidariedade, buscando a transformação das injustiças sociais. Costumava dizer que, para que essas transformações aconteçam, é importante cada um se interessar pela política e agir, no sentido de defender os direitos daqueles que mais precisam”.

Pastoral da Terra

A Comissão Pastoral da Terra também manifestou pesar à morte de Arns e ressaltou sua ligação com as questões agrárias. A entidade afirmou que "se une a todos os brasileiros e brasileiras e a todos os que, lutando por um mundo de justiça e igualdade, hoje pranteiam a morte de Dom Paulo Evaristo Arns.

"Dom Paulo foi um baluarte na luta pela democracia, no combate à Ditadura Militar, denunciando os desmandos praticados contra lideranças e militantes de movimentos, presos e submetidos a sessões de tortura. A palavra e a postura de Dom Paulo dando guarida a perseguidos, denunciando as atrocidades e brandindo a espada da Justiça é um exemplo que marca até hoje a história de nosso país".

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(cm-agências)








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