Estrasburgo (RV) - A Universidade de Estrasburgo (Unistra) tem desde terça-feira (13/12) um novo Presidente. A particularidade, é tratar-se de um Professor de Teologia e sacerdote católico, uma situação única na França.
Esta eleição não é uma revolução, visto que Deneken Michel, 59, foi Vice-Presidente da Universidade por oito anos, estando à frente das finanças desde a formação inicial e contínua. Desde setembro do ano passado, ele presidiu interinamente a Unistra, após a saída para o Ministério do Ensino Superior do Presidente anterior, Alain Beretz.
Ele foi eleito terça-feira pelo Conselho Administrativo por 26 votos a 9, obtidos pelos seu opositor Helen Michel, que liderou uma lista alternativa para eleições universitárias.
Formação
Professor certificado de alemão, o Padre Deneken também é um Doutor em Teologia. Ele ensina na Unistra desde 1989.
Ele realizou pesquisas sobre "a história dos dogmas, especialmente em questões relacionadas à morte e ressurreição de Jesus", bem como "as relações entre a Igreja Católica e as Igrejas da Reforma", segundo um comunicado de imprensa da Unistra - que não menciona expressamente o fato de Padre Deneken ser um sacerdote católico desde 1985.
Única Universidade pública francesa com cursos de Teologia
A Unistra, que tem 50.000 estudantes, é a única universidade pública francesa a ter Faculdades de Teologia (católicos e protestantes), uma particularidade permitida por meio de um acordo.
Alguns opositores da lista encabeçada pelo Padre Deneken haviam apresentado sua condição de sacerdote para se opor à sua eleição à frente da Unistra.
O Sindicato Nacional dos Pesquisadores Científicos e o Sindicato Nacional de Docentes do Ensino Superior (SNCs e Snesup afiliadas à FSU) haviam estimado que "o fato de que um padre e teólogo (...) pudesse ser Presidente de uma grande universidade de pesquisa, constitui um sinal muito ruim para a comunidade científica de nosso país e à uma sociedade muito dividida sobre a questão do secularismo".
Não à polêmica
Estes argumentos foram ignorados pelo Sindicato de Estudantes AFGES, assim como pelo próprio Padre Deneken que, em seu discurso na terça-feira, não fez referência a esta controvérsia. Ele simplesmente sublinhou a sua intenção de "apoiar a qualidade da pesquisa" e "fortalecer a atratividade" da Unistra à nível global.
Saudável laicidade
"Não há nenhum ataque à laicidade", assegurou o Padre Deneken ao “Dernières Nouvelles”, da Alsácia. "Esta controvérsia mostra que, em algumas mentes na França, ainda não foi resolvida de maneira serena e razoável o que é a laicidade”, declarou por sua vez ao semanário “Le Point”.
"O verdadeiro modelo francês é a neutralidade", acrescentou ele, lamentando uma concepção da laicidade que procura "banir" religiões dos "espaços públicos".
(JE/AFP)
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