Santa Sé: dar direitos e dignidade aos idosos


Nova York (RV) - “Um novo tratado, uma convenção, um novo documento que reitera o que foi afirmado outras vezes. Tudo pode caminhar bem, se os princípios enunciados forem respeitados. Caso contrário, se trataria de outras palavras inúteis que nenhum idoso merece ouvir”, disse o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova York, Dom Bernardito Auza, em seu pronunciamento na sessão do grupo de trabalho que tutela os direitos e a dignidade das pessoas idosas. 

Um mundo idoso

O observador vaticano abriu o seu pronunciamento com algumas cifras que destacam um cenário global muito sério: Até 2030, o número de pessoas em todo o mundo, com mais de 60 anos, é destinado a aumentar para 56%, de 901 milhões para 1 bilhão e 400 milhões. Até 2050, essa mesma faixa de população é destinada a dobrar, alcançando quase 2 bilhões e 100 milhões. “Este grande aumento da população idosa se une a um aumento da expectativa de vida média que colocará à prova os sistemas de saúde e as redes de segurança social”, disse ainda Dom Auza. 

Diversamente necessários

Nascem os problemas sobre a dignidade de quem tem uma certa idade. Existe a tendência de pensar e tratar os idosos como se fossem unicamente uma peso econômico e social. “Um idoso pode sempre dar, de várias formas, a sua contribuição social. É preciso reconhecer que a dignidade não desaparece com a idade ou com a diminuição da produtividade de mercado. Como fazer para impedir esta concepção errada?”, perguntou Dom Auza. 

Serve um novo tratado?

O observador pontifício recorda que se existe “um consenso sobre a importância de enfrentar as lacunas graves existentes na tutela dos direitos humanos dos idosos”, este consenso não pode faltar “no âmbito de como remediar”. “Alguns Estados propuseram a adoção de um novo mecanismo de tutela, outros que se respeitassem os compromissos assumidos em outros tratados e convenções”. 

Outros ainda que a “base para a tutela dos idosos deve ser encontrada dentro do Plano de Ação Internacional de Madri sobre o envelhecimento e nos compromissos assumidos para a implementação da Agenda de 2030”. 

“É essencial garantir que as medidas concordadas sejam adequadas para proteger, respeitar e realizar os direitos humanos particulares das pessoas idosas” visto que a “experiência nos mostrou que tratados, encontros, conferências e declarações contribuem para a construção do consenso e de normas internacionais, mas muitas vezes falta a vontade política necessária para a sua realização plena. Não podemos permitir que os nossos idosos sejam deixados para trás por palavras que não têm depois um seguimento”.

Papa Francisco e idosos
 
Dom Auza solicitou colocar a questão na ótica indicada pelo Papa Francisco para o qual os idosos não podem sofrer a solidão e  o abandono causados pela cultura do descarte, aquela que “julga todo ser humano simplesmente por sua utilidade”.
 
Pelo contrário, os idosos “desempenham uma função importante” e isso deve ser redescoberto sobretudo num momento histórico em que muitos lutam “para encontrar a própria identidade e são incertos do futuro”. 

“Quando se fala de envelhecimento e pessoas idosas, estamos falando de uma categoria de pessoas da qual um dia faremos parte. As decisões que tomamos e o trabalho que fazemos hoje terão um reflexo no amanhã”, concluiu Dom Auza.
 
(MJ)








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