Al Azhar condena destruição de Patrimônio Histórico e Cultural


Abu Dabi (RV) – Uma conferência internacional realizada nos dias 2 e 3 de dezembro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, tratou sobre a proteção do patrimônio em perigo, em tempos de conflito, depois de destruições cometidas por jihadistas. O encontro reuniu representantes de quarenta Estados e instituições privadas.

Solicitada pelo Presidente François Hollande, o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmed al Tayyeb, enviou uma mensagem aos participantes, assegurando que "o Islã não incentiva esse tipo de crime".

"Com o meu apoio, Al-Azhar confirma que monumentos históricos são um patrimônio da humanidade que deve ser preservado e protegido”.

Em uma mensagem publicada na sexta-feira (02/12) o Grão Imame protestou contra "os atos cometidos por organizações terroristas para destruir a herança civilizacional e para apagar a história dos povos".

Atos que, naturalmente, “contradizem os ensinamentos do Islã, que considera esses atos como um grande crime contra o mundo inteiro".

"Se estes terroristas estão destruindo uma herança cultural e civilizacional em nome da religião, eu me considero - na qualidade de Grão Imame de Al-Azhar - na obrigação de proclamar que o Islã não incentiva esse tipo de crime ", disse Ahmed al Tayyeb ainda nesta declaração.

"Em vez disso, convida todas as pessoas a viajar nestas terras para ver os vestígios dos antigos, a fim de meditar e disto tirar lições. Certamente, as experiências dos nossos antepassados participam de uma maneira eficaz  da riqueza da humanidade, para corrigir seus erros e para proteger seus próprios interesses".

Para todas as correntes salafistas que pretendem imitar totalmente a Salaf, as três primeiras gerações de muçulmanos, o Grão Imame tem o cuidado de recordar que "os companheiros do Mensageiro de Alá, que vieram para o Egito, guiados pelo famoso chefe Amr ibn al-as, não provocaram nenhum atentado a estes monumentos. Eles não emitiram nenhuma fatwa pedindo o ódio por estes monumentos, ou a destruição deles”.

A Conferência foi convocada em função de uma série de destruições cometidas nos últimos anos por jihadistas no Iraque, Síria, Mali e Afeganistão. A cúpula foi realizada por iniciativa de François Hollande, que solicitou apoio à Universidade Al-Azhar.

Na presença do Presidente francês, o homem forte dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, e da Diretora Geral da UNESCO, Irina Bokova, os participantes se comprometeram  em criar um fundo financeiro e uma rede abrigos para proteger o patrimônio em perigo em tempos de conflito.

Al-Azhar, que ensina as ciências do Islã há mais de mil anos, está cercada por monumentos faraônicos, coptas e muçulmanos, recorda seu Grão Imame.

"Em nenhum momento na história, algum de seus clérigos tocou estes monumentos ou emitiu uma fatwa para demoli-los".

"Pessoalmente, eu nasci e fui criado no povoado de Qurna, à oeste de Luxor, entre os famosos templos e estátuas da antiguidade faraônica. Eu fui formado em Institutos azharites por xeques eruditos, cujas propostas e condutas que nos foram dadas, não eram inspiradas ao convite para destruir estes monumentos.  Pelo contrário, muitos deles estavam ansiosos para visitar os monumentos faraônicos e não hesitaram em expressar sua admiração", testemunhou ainda al-Tayyeb.

(je/la croix)

 








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