Conferência internacional sobre drogas, “flagelo mundial”


Tráfico de seres humanos, violência e drogas foi o tema da Conferência Internacional organizada pela Pontifícia Academia das Ciências, que atendeu a sensibilidade do papa para esta questão. A abertura do evento foi realizada pela Rainha Silvia, da Suécia, e pelo diretor do Escritório das Nações Unidas que lida com drogas e crime, Yury Fedotov. A conferência internacional sobre a produção, utilização e tráfico de drogas ilegais, além do uso e abuso de substâncias químicas e as consequências da utilização destas para a mente e o corpo, foi iniciada na quarta-feira, 23 de novembro, na Casina Pio IV, no Vaticano, e encerrou-se na quinta-feira, 24 de novembro, na qual teve um encontro do Papa Francisco com os participantes.

A iniciativa da realização do seminário intitulado “Narcóticos: Problemas e soluções deste flagelo mundial”, foi do Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, Dom Marcelo Sanchez Sorondo. Durante os dois dias de trabalho foram analisados dados, comparadas experiências e padrões históricos, mas sobretudo, a busca de novas estratégias para enfrentar, amplamente, esta dramática e complexa realidade.

Em seu discurso na abertura dos trabalhos, a Rainha Silvia, fundadora da "World Childhood Foundation", que trabalha para melhorar as condições de vida das crianças em todo o mundo; e integrante honorária da Fundação Mentor (que realiza um trabalho contra as drogas), destacou a "necessidade de uma maior cooperação global" para enfrentar este desafio. Ela destacou a "fragilidade das crianças" vítimas da ligação mortal existente entre o "tráfico de drogas e exploração de seres humanos", no dramático contexto internacional de pobreza e guerras. A soberana também destacou a importância da prevenção através da informação sobre o perigo das drogas.

De acordo com dados de 2013 do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), encarregado de monitorar a difusão das drogas no mundo e as relativas atividades criminosas; uma em cada vinte pessoas, com idades entre 15 e 64 anos, utiliza droga ilícita pelo menos uma vez na vida, para um total de 246 milhões de indivíduos. Dados mostram um aumento de três milhões de pessoas em relação ao ano anterior. O Diretor Yury Fedotov, reiterou as consequências devastadoras que o tráfico de drogas e as atividades criminosas têm para a "saúde, a paz, o desenvolvimento e os direitos humanos”. "Flagelo - disse ele - que não tem limites."

Foi confirmado que o ópio é originário do Afeganistão e que o produto é proveniente do cultivo da papoula; além disso, financia o terrorismo dos talibãs, bem como a criação de vício, a violência e a insegurança. Os Balcãs são os principais corredores de trânsito para a heroína que se ramifica em todas as direções. Mais de 40% do uso mundial de cocaína vem da América do Norte, sendo os principais produtores a Colômbia, Peru e Bolívia, onde a violência e a pobreza são desenfreadas.

Invocando uma crescente cooperação, foram mencionados tratados internacionais de controle de drogas a partir de 1961 até os objetivos de combate fixados para 2019 e 2030.

No evento, muitos interventores salientaram sobre o complexo e sofisticado sistema financeiro que sustenta o tráfico de drogas e criticaram redes governamentais que, por vezes, não lutam com determinação contra esta realidade. A luta contra a corrupção e contra a máfia – disseram alguns interventores participantes do evento - é uma prioridade. Também foi discutido o aumento da proliferação e uso de drogas sintéticas, e de compostos químicos devastadores, de fácil acesso, especialmente pelos jovens que estão cada vez mais utilizando a Internet para compra destas substâncias. 

Foram dois dias de trabalho, portanto, para enquadrar todo o fenômeno da droga, também do ponto de vista médico e o uso correto dessas substâncias no setor da saúde. Entre os objetivos, também presente a forma de tratar a dependência de drogas e as possíveis alternativas à prisão, possibilitando assim a reabilitação das vítimas das drogas e a quebra do círculo da delinquência.








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