Card. Vegliò: restituir dignidade, direitos e segurança aos pescadores


Cidade do Vaticano (RV) - A mensagem para o Dia Mundial da Pesca - celebrado esta segunda-feira (21/11) -, preparada pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, insiste, em particular, sobre as situações de exploração e abuso das quais os pescadores são vítimas. A propósito, eis o que disse o presidente dicastério vaticano, Cardeal Antonio Maria Vegliò, em entrevista concedida à Rádio Vaticano:

Card. Vegliò:- “A pesca é um dos trabalhos mais perigosos do mundo: verificam-se acidentes graves e mortais, com a perda de embarcações e equipamentos... Trata-se de algo muito frequente. Além disso, é preciso olhar para todos os aspectos dos contratos de trabalho: problemas relacionados ao salário, que não é pago; o navio que fica detido num porto estrangeiro e a tripulação que fica abandonada e obrigada a permanecer na embarcação sem salário, não podendo nem mesmo descer do navio, porque seriam clandestinos. Há, ainda, todo o problema da pirataria; do ficar longe da família, que por vezes dura até dois ou três anos. E há também a questão das longas horas de trabalho, porque têm horários de trabalho terríveis: de 16 a 18 horas, em qualquer condição climática; e ainda, o setor no qual atuam, porque muitos trabalham na sala de máquinas, com um ar irrespirável.”

RV: Nessa mensagem para o Dia Mundial da Pesca solicita-se a todos os governos que ratifiquem a Convenção de 2007 sobre o trabalho na pesca. Por que pedem essa ratificação?

Card. Vegliò: -“A Convenção sobre a pesca é o equivalente da Convenção sobre o trabalho marítimo e é, portanto, importantíssima para assegurar condições dignas de trabalho; para definir as horas e as condições mínimas de trabalho a bordo; para definir as regras relativas à alimentação e alojamento; para assegurar condições decorosas de saúde e de segurança; para dar-lhes uma assistência de saúde e para contrastar – porque há também esse fenômeno – o trabalho menor, a exploração dos migrantes, o tráfico e a pesca ilegal. Na mensagem dizemos também que a Convenção entra em vigor se dez países a ratificam. E posso agora dar uma boa notícia, porque a Lituânia ratificou o Acordo, portanto, agora entrará em vigor. Os países que ratificaram são Angola, Argentina, Bósnia-Herzegóvina, Congo, Estônia, França, Lituânia, Marrocos, Noruega e África do Sul.”

RV: Qual a importância de este ano o Dia Mundial da Pesca ser celebrado com um evento especial na FAO?

Card. Vegliò:- “Somos muito, muito gratos e honrados por termos sido convidados este ano na FAO (Agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura, ndr) para a apresentação da nossa mensagem. O Apostolado do Mar já colaborou, no passado, com a FAO e outras instituições internacionais  para dar voz aos necessitados e às necessidades dos pescadores e de suas famílias. No fundo, o objetivo comum que nos une é o de cooperar para promover direitos humanos e garantir um trabalho digno neste fundamental setor econômico de produção alimentar, que envolve milhões de pessoas.” (RL)








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