Dom Leonardo Steiner: "Dinamizar comunidades, mesmo sem padres"


Belém (RV) – O que foi feito desde o I Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal (Manaus, 2013) em relação aos compromissos assumidos? Algumas dioceses investiram nos ministérios leigos, formaram e ordenaram diáconos permanentes, cuidaram ainda mais da formação de padres autóctones e se posicionaram diante da luta dos povos originários. No entanto, ainda resta um longo caminho a ser percorrido. Segundo Dom Leonardo Steiner, Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, deste Encontro devem emergir propostas para incrementar a atuação da Igreja nas comunidades que carecem de sua presença. Ouça-o:

“Foram três anos na tentativa de colocar em prática algumas sugestões que tinham sido pensadas. Eu creio que crescemos muito, especialmente com a criação da REPAM. A Comissão para a Amazônia se reforçou, ganhou mais corpo, tem mais presença junto às Igrejas particulares; nossos regionais estão hoje mais unidos, existe mais comunhão, existe uma tentativa cada vez maior de pensar e refletir em comum as questões todas da Amazônia.  Alguns Regionais têm mais dificuldades, outros menos, mas ajudou muito, inclusive ajudou a Conferência Episcopal a estar mais atenta, mais voltada para a Amazônia, tanto assim que este Encontro foi muito incentivado pela Presidência da CNBB”.

“Creio que a realidade apresentada nestes dias, as discussões e reflexões, vão nos conduzir a algumas propostas. Vamos tentar pensar numa Igreja que esteja mais presente. Hoje, ainda pensamos na Igreja como a presença do padre, do bispo, do religioso, da religiosa, pensamos que seja suficiente enviarmos leigos para momentos de evangelização; a reflexão caminha no sentido de haver uma presença maior da Igreja “oficial”, para que a comunidade se sinta como comunidade católica, se sinta dinamizada como comunidade católica; que haja ali alguém que o bispo delega para cuidar da comunidade, dinamizá-la”. 

“Naturalmente com a ajuda da Palavra de Deus, nós refletimos muito entorno dos ministérios  dos leigos; talvez aqui daremos alguns passos, porque temos que dar alguns passos”. 

Diocese de Roraima

A dimensão do território é também uma causa desta escassa presença da Igreja mencionada por Dom Leonardo.  

Dom Mario Antônio é o novo bispo da Diocese de Roraima, uma Igreja particular que tem mais de 100 anos de existência e engloba territorialmente todo o estado de Roraima, com mais de 200 mil km quadrados. Devido às distâncias e aos custos do transporte, não há missionários suficientes para atender todas as comunidades de maneira satisfatória. Ouça-o:

 

 “Os Encontros como este são um momento de partilha, de experiência, de renovar os ânimos e aprender algo mais. Creio que esta nossa convivência tem muito a dizer para todos: seja aqueles que já estão há muitos anos numa mesma diocese, como para nós, que estamos em transição, porque chegar numa outra diocese é como “uma missão diferente”. O ideal é sempre o mesmo: a evangelização, a vida com o povo, com a comunidade que se reúne entorno de uma mesma fé, de um mesmo Jesus Cristo, mas pelas circunstâncias, pelo momento e até pela história específica de cada local, eu digo que é uma nova missão. Como eu estava como bispo auxiliar em Manaus há seis anos, agora assumindo a diocese como bispo diocesano, é realmente uma missão diferente”.  

No final do último dia (16/11) do II Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, foi redigida aprovada uma carta-final com as propostas elaboradas pelos grupos durante as sessões de trabalho. 

(CM)

 








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