Amazônia: "Mudar nosso comportamento para dar futuro ao planeta"


Belém (RV) –  No último dia (16/11) do II Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, foi redigida aprovada uma carta-compromisso ilustrando as propostas elaboradas pelos grupos durante as sessões de trabalho. O momento agora é de balanço das atividades do Encontro, há 3 anos do primeiro, realizado em Manaus. Nosso hóspede, para uma avaliação do evento e de sua conclusão, é Dom Bernardo Bahlman, bispo de Óbidos, no Pará.

Muda o homem, muda o meio ambiente

”Este Encontro foi um momento muito bonito em que nos encontramos para discutir primeiramente as questões ligadas à evangelização e depois os desafios que enfrentamos em nossa região, como os grandes projetos, as mineradoras, o desmatamento e outras coisas mais. Para nós é uma preocupação muito grande porque percebemos que a sociedade muda, mas também todo o meio ambiente. Por isso, precisamos fazer uma mudança dentro da nossa mentalidade e comportamento, para modificar esta destruição que está acontecendo e também dar um futuro para a humanidade e para o planeta Terra”.

“Depois, nós também escutamos muito o que o Papa Francisco nos fala e queremos levar à sério e aprofundar cada vez mais a Encíclica Laudato si, que nos fala também da Amazônia. Nós estamos aqui nesta terra e precisamos observar também a sua realidade e vocação.  Penso que nós poderíamos dar uma grande contribuição para o mundo, sobretudo na questão da ecologia do meio ambiente e das mudanças climáticas, na mudança do próprio ser humano; além de olhar para o seu resgate”.

Violência no campo no sudeste do Pará

E ainda no Pará, a violência no campo consequente das disputas pela exploração da terra tornam a região de Marabá, no sudeste do estado, uma das mais violentas do país. Os altos índices de mortes relacionadas a questões agrárias não se têm reduzido desde abril de 1996, quando a polícia militar matou 19 trabalhadores sem-terra no que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás. A lista de pessoas ameaçadas de morte ou que escaparam de atentados não para de crescer. Passaram-se 20 anos, e esta ferida permanece aberta e continua a sangrar.

No II Encontro da Igreja na Amazônia Legal, o bispo Dom Vital Corbellini relata a situação e a atuação da Igreja:

“O problema continua porque ali vieram pessoas de muitos lugares do Brasil, sobretudo do Nordeste em busca do ouro. Receberam, na época, uma pequena quantia do ouro que tinham adquirido, com a promessa de que iriam receber este dinheiro mais tarde, e no entanto, nunca o receberam. La existe a pobreza mesmo. Isto nos angustia muito porque é um povo que ainda espera; são muito solitários, abandonados. Isto nos preocupa, já fizemos missões populares, a crisma, mas o problema social continua”.

“Há ainda a questão dos assentamentos e acampamentos, e a questão dos índios, à qual olhamos com muito carinho e deveríamos dar mais atenção”.

“Este encontro mostra a necessidade de trabalhar melhor todas estas questões, sobretudo a da natureza, das periferias, da evangelização, da nossa formação sacerdotal para que sejamos bons pastores”. 

(CM)








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