Porta Santa fechada em Bangui, mas espírito do Jubileu continua a agir


Bangui (RV) – As Portas Santas do Jubileu da Misericórdia em todas as Dioceses do mundo foram fechadas no domingo, 13 de novembro. No próximo dia 20, Solenidade de Cristo Rei, o Papa Francisco encerrará o Ano Santo com uma solene celebração na Basílica de São Pedro.

Um fato inédito na história da Igreja foi a abertura do Ano Santo não em Roma, mas em Bangui, capital da República Centro Africana, em 29 de novembro passado, quando da visita do Pontífice ao país. Também na Catedral de Bangui a Porta Santa foi fechada. Ouçamos as palavras do Padre Mathieu Bondobo, diretamente de Bangui, sobre este Ano Santo:

“Uma emoção única. Ouvimos o Santo Padre em 29 de novembro durante a sua visita na República Centro Africana e com a abertura da primeira Porta Santa, um evento grandioso, um evento espiritual único na história da Igreja. Ontem, com a celebração da conclusão do Ano Santo, vivemos novamente também a emoção da acolhida do Santo Padre. Todas as paróquias da capital e todas as da Arquidiocese de Bangui, e tantas pessoas de boa vontade, tomaram parte na celebração. Convidamos também os nossos irmãos muçulmanos e os nossos irmãos protestantes. O Santo Padre, vindo a Bangui, nos indicou o caminho da misericórdia para a paz nesta terra, que há muitos anos está sofrendo. Assim, ontem, foi um dia de agradecimento porque esta terra, este país, viveu também coisas boas durante este Ano Santo e portanto a bênção do Senhor desceu sobre cada um de nós e acolhemos este encerramento como uma missão”.

RV: Na abertura da Porta Santa estavam presentes ao lado do Arcebispo de Bangui, o Imame e o Pastor protestante local. Este sinal tangível de diálogo inter-religioso, o quanto tocou o coração do povo centro-africano?

“Todos os líderes religiosos, o Imame, o Pastor e a Igreja de Bangui, desde o início, colocaram-se juntos para dar este testemunho, este sinal visível que não existe guerra de religião: o problema está em outro lugar”.

RV: Abrindo a Porta Santa em Bangui, Francisco disse que a cidade – Bangui – era a “capital espiritual” do mundo. Quais os frutos recolhidos na fé pelo vosso povo neste Ano Jubilar, iniciado precisamente aqui em Bangui?

“Digamos que esta é uma das frases do Santo Padre que as pessoas na África Central repetem. Esta palavra do Santo Padre é forte para nós. É Pedro que fala. Sabemos que quem encontra Pedro, encontra Jesus. Assim, é uma palavra para ser levada a sério. Depois disto, é também um belo desafio para nós da República Centro Africana: o que fizemos para merecer isto? Nada. Não fizemos nada. Não merecemos nada aos olhos de Deus, porém o Senhor colocou o seu olhar misericordioso sobre nós e nós o acolhemos. E isto na capital espiritual do mundo diz muito mais: diz que cada africano, cada habitante de Bangui, deve procurar, no seu modo de viver e de agir, viver esta capital espiritual do mundo. Isto significa que Deus está aqui, Deus está presente e com Ele podemos fazer coisas grandes, porque o seu Espírito nos impele a fazer coisas grandes. Assim, Bangui, que tornou-se a “capital espiritual do mundo”, foi acolhida por nós, estamos vivendo-a para a alegria de Deus”.

RV: Como sabemos, infelizmente existe também quem não deseja a paz na República Centro Africana. O senhor pensa que a onda do Jubileu será mais forte, com este sinal de diálogo entre expoentes de diversas religiões?

“A onda do Jubileu terá – a meu ver – um impacto, algo de muito positivo para este país. Em breve se realizará um encontro em Bruxelas, onde se discutirá muito a paz na República Centro Africana. Tudo isto entregamos ao Senhor. Todo o povo da República Centro Africana reza sempre pela paz. Acredito que – como dizem as Sagradas Escrituras: “um pobre grita e o Senhor o escuta” – estamos vivendo, estamos rezando para que o Senhor possa ouvir a nossa oração, que possa escutar este grito que vem do profundo do coração do povo da República Centro Africana. Esta onda do Jubileu, estou certo de que dará os seus frutos, porque Deus é a paz definitiva. Portanto, estamos pedindo a Deus para agir, para fazer alguma coisa em nosso país, a República Centro Africana. Estamos rezando para Ele, mas também O estamos buscando, porque quem reza e não faz nada pela paz, talvez não seja cristão. Cada um está buscando o caminho da paz e com esta graça jubilar acredito que isto seja possível”.

(je/ag)








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