Crônica: Beduínos, “povo da tenda”


Dubai (RV*) - Amigas e amigos, tenho a alegria de lhes enviar uma saudação de paz, das Arábias. O mundo moderno, muito preocupado com dinheiro e negócios, não poucas vezes, coloca no saco das coisas esquecidas, povos de cultura marcante e exemplo de superação. Falo dos Beduínos, gente nômade, que constituem ainda hoje, 10% dos habitantes do Oriente Médio.

Para entender melhor essa gente, precisamos ir ao significado da palavra beduíno em língua árabe. Na verdade, são duas palavras: Al Bedu, (”habitantes das terras abertas”) pois, para eles não há moradia fixa e não existem fronteiras, e Al beit (“povo da tenda”), indicando o hábito normal de mudança e deslocamento.

Os beduínos perambulavam à vontade e livremente pelos desertos das Arábias e norte da Africa. Contudo, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o estilo de vida desse povo começou a entrar em decadência. Submetidos ao controle dos governos dos países onde viviam, seus deslocamentos foram cerceados, dificultando o estilo de vida beduína e nômade. O sedentarismo foi tomando conta das tribos. Impedidos de deslocar-se para lugares onde pudessem alimentar camelos, cabras e ovelhas de cuja carne e leite dependiam, a desnutrição assolou a gente do deserto.

Embora eles desprezem a atividade agrícola, muitos grupos se tornaram sedentários, dedicando-se à agricultura, perdendo as características de povo das tendas. A situação se agravou ainda mais, na década de 1950, devido à nacionalização de grande parte das terras usadas por eles.

 Entretanto, a fervorosa adesão ao islamismo e o caráter tribal das sociedades permanecem.  Nas tribos que ainda conservam seus costumes tradicionais, a família possui um grande peso. A mulher fica encarregada do trabalho doméstico, como por exemplo, trazer água para a casa, fazer o pão e lavar as roupas. Ao homem compete o papel de trazer o dinheiro e a comida. Em tempos passados, cabia a ele defender a família das outras tribos de beduínos. De fato, havia numerosos conflitos por disputas de poços de água, lugares com alimentação para os animais, forçando muitos desses grupos a viverem da atividade predatória, ou seja, roubando caravanas, aldeias vizinhas e forasteiros. Certamente, isso agravava ainda mais a dura vida no deserto.

Embora o “povo da tenda”, aos poucos, seja relegado ao esquecimento, apesar de todas as contrariedades, os beduínos deram origem à cultura árabe.

“Deus converte o deserto em lago e a terra seca em fontes”. (Salmos)

*Missionário Pe. Olmes Milani, das Arábias para a Rádio Vaticano








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