Terceiro Encontro dos Movimentos Populares: crises social e ambiental não são separadas


Cidade do Vaticano (RV) – “Não somente denunciar a ditadura do dinheiro e a injustiça social, mas dar aos pobres, aos movimentos de base, a possibilidade de se conhecerem e dialogar, para se tornarem eles próprios protagonistas daquela mudança que todos desejamos”.

Este é o sentido do terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, afirmou o Cardeal Peter Turkson, ao abrir nesta quinta-feira (03/11), o primeiro dos cinco dias do encontro que tem por tema “Terra, Casa, Trabalho”.

Após a realização na Bolívia, em 2015, os movimentos voltam a Roma para plantar, como disse o Papa Francisco, a sua bandeira no Vaticano. No sábado, terá lugar a audiência com o Papa Francisco.

Pessoas vindas das periferias de todo o mundo, com o firme desejo de encontrar soluções concretas às dores e às dificuldades dos mais pobres. O terceiro Encontro dos Movimentos Populares está tratando de temas como a relação entre o povo e a democracia, o território e a natureza, o sofrimento dos migrantes e dos refugiados. Às três palavras que marcam o encontro – Terra, Casa, Trabalho – correspondem aos esforços da Igreja, explica o cardeal Turkson:

“Eles falam de “Tierra, Techo e Trabajo”, nós falamos de três coisas que podem facilitar estes objetivos: consciência – e nisto o Papa nos guia – empenho em realizar o desmantelamento das estruturas que oprimem e que criam estas situações de pobreza”.

Testemunhos vindos dos cinco continentes relataram o estado de saúde de suas democracias, democracias muitas vezes somente de fachada. Falaram ainda dos direitos dos trabalhadores, da condição feminina, da marginalidade na agenda política, de temas que dizem respeito aos mais frágeis.

Pela Europa, pronunciou-se, o Padre Luigi Ciotti, dos Grupos Abele e  Libera:

“Os pobres têm sempre necessidade de ajuda – casa, trabalho, cuidados -, mas antes de tudo têm necessidade de dignidade: não basta acolher, é necessário reconhecer. E assim é claro que nós não podemos construir esperança, se não partindo de quem da esperança foi excluído. É a partir deles que podemos esperar novamente, porque a esperança ou é de todos ou não é esperança”.

Padre Ciotti retomou a ideia de ecologia integral, tão cara ao Papa Francisco:

“Tem razão o Papa Francisco, ao nos recordar que não existem duas crises separadas – uma social e uma ambiental – mas uma só complexa crise socioambiental. Também para nós é importante não esquecer-nos daquela ecologia integral, porque o mundo é um ecossistema: não se pode agir sobre uma parte sem que as outras sintam isto”.

Ele também insistiu no tema da justiça social e na importância da acolhida:

‘A liberdade e a dignidade não são conceitos abstratos, mas valores fundados na justiça social. E então é justo rejeitar em nosso país a diferença instrumental e hipócrita entre “refugiados de guerra” e “migrantes econômicos”. Nós rejeitamos esta distinção, porque também os migrantes econômicos fogem do sofrimento, das crises ambientais ou por outras razões. A imigração nos coloca um desafio: uma cultura viva, autêntica, sólida, não tem nunca medo de abrir-se aos outros”.

(je/em)








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