2016-11-03 13:48:00

CEMIRDE - Fazer com que não sejam refugiados por toda a vida


Contrariamente ao que geralmente se pensa, a África subsaariana é uma das regiões do mundo que mais refugiados acolhe: cerca de quatro milhões e meio em 2015. Os países na cabeça da lista são a Etiópia, o Quénia, a República Democrática do Congo, o Chade... mas Moçambique acolhe também o seu quinhão. E a Igreja não fica indiferente à questão. Através da CEMIRDE, empenha-se na pastoral dos migrantes, sensibilizando a população autóctone para os factores que obrigam essas pessoas a abandonar as próprias terras e a acolhê-las, portanto, como irmãos.

Na CEMIRDE trabalha a Missionária de São Carlos Borromeu (esclabriniana) Marinês Biasibetti, brasileira. Vinda a Roma a semana passada para o encontro internacional do "Grupo Santa Marta", criado em 2014 pelo Papa Francisco para combater o tráfico humano, questão de que a CEMIRDE se ocupa também, ela falou-nos do trabalho que fazem em Moçambique para os refugiados. Oiça as suas palavras na rubrica "África Global". 

Embora não seja unicamente da nossa época, o fenómeno dos migrantes e refugiados é um dos mais graves e complexos que o mundo de hoje se vê obrigado a enfrentar. Um fenómeno em grande crescimento devido a guerras, conflitos políticos, alterações climáticas, crises económicas, etc.

No seu relatório de 2015 sobre as tendências globais o ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, fazia notar que este fenómeno está a aumentar de forma significativa:

De 2014 a 2015, os refugiados no mundo passaram de 59,5 milhões para 65,3 milhões.  E não devemos pensar só nos números, mas também no grande sofrimento pelas quais essas pessoas obrigadas a abandonar as terras de origem passam ao procurar uma nova terra de adopção.

Ainda segundo os dados de 2015, 51% dos refugiados no mundo são crianças, muitas vezes não acompanhadas por adultos. E não é por nada que o Papa Francisco centrou a sua mensagem para o próximo Dia Mundial dos Refugiados, que terá lugar a 15 de Janeiro, sobre as crianças que pedem asilo. O Papa tece a sua reflexão a partir da frase de Jesus “Quem acolhe uma só destas crianças em meu nome acolhe a mim…”

A principal causa de migrações forçadas no mundo foi nos últimos anos a guerra na Síria. Em finais de 2015 eram quase cinco milhões os refugiados sírios, sem contar os mais de 6 milhões de deslocados internos. Isto, mais o conflito na Líbia e no Iémen, fazem do Médio Oriente e do Norte da África a região com mais pessoas forçadas a abandonar as próprias terras…

Segue-se-lhe a África subsaariana, onde países como Sudão do Sul, a RDC e a Somália, a Nigéria, o Burundi, e outros deram origem a mais de 18 milhões de refugiados e deslocados, segundo dados de 2015.

Em terceiro lugar, surge a Ásia e o Pacífico, onde o Paquistão, o Afganistão, o Mianmar, o Irão… são países emissores de refugiados.

As Américas também têm a sua dose de refugiados, que dos países do sul como a Colômbia, Guatemala, El Salvador, Honduras… vão para os Estados Unidos, o país que depois da Alemanha tem o maior número de pedidos de asilo. Na Europa foi sobretudo o conflito na Ucrânia a produzir refugiados em 2015, pouco mais de meio milhão.

Embora se fale muito dos refugiados na Europa, o relatório “Global Trend”  2015 fazia notar que a maior parte está nos países do sul do mundo: 86%. No mundo a Turquia é, todavia,  o país com maior número de refugiados: dois milhões e meio. O Líbano é, pelo contrário, o país com o maior numero de refugiados em relação à sua população, e a RDC tem o maior numero de refugiados em relação ao seu PNB.

A África subsaariana, é contudo, a região do mundo que mais refugiados acolhe. Com efeito, 6 dos principais países de acolhimento a nível global são africanos, a começar pela Etiópia, passando pelo Quénia, Uganda, RDC, Chade e outros.

Moçambique tem também a sua dose de refugiados: cerca de 20 mil. 

(DA)

 








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