Os mil anos da Igreja Católica na Noruega, em livro a ser entregue ao Papa


Oslo (RV) – Uma pequena e tenaz comunidade em crescimento, 25 paróquias, duas novas Igrejas – entre as quais a Catedral de Trondheim. A milenar história da presença católica na Noruega foi compilada em um livro que será entregue ao Papa Francisco durante sua viagem à vizinha Suécia, de 31 de outubro a 1º de novembro.

O livro “Mil anos da Igreja Católica na Noruega” será entregue ao Pontífice pelos peregrinos noruegueses que irão a Malmö, para participar no dia 31 da abertura da celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma.

Dos vikings aos dias atuais

É a primeira vez que “a história da Igreja Católica, dos vikings até hoje, é compilada em um único livro”, explica Liv Hegna, curadora da obra. A narração começa pelo “furto que os vikings fizeram no mosteiro de Lindisfarne, na Inglaterra, em 793, de onde roubaram livros sagrados e móveis” – precisa Hegna - passando pela cristianização realizada pelo grande Rei Olav II, a criação da sede episcopal em Nidaros em 1153, o desaparecimento dos católicos entre a Reforma e o século XIX, para finalmente chegar aos dias de hoje da comunidade católica, que dos 8 mil fieis dos anos 60, passou a mais de 140 mil atuais.

Fase positiva

“As coisas estão andando muito bem. Existe um grande interesse por parte do público e da mídia pela Igreja Católica na Noruega”, conta Hans Rossiné, responsável pela comunicação da Diocese de Oslo, entusiasmado pelo recente sucesso, também midiático, do “Festival das Culturas”, realizado em setembro na capital, organizado pela Igreja Católica com o objetivo de recolher fundos para a Caritas e destinado à Síria.

Nova Catedral em Trondheim

Também suscita interesse a nova Catedral católica em Trondheim, que será consagrada em 19 de novembro pelo Cardeal emérito de Westminster, Cormac Murphy O’Connor, designado pelo Papa como seu legado.

A antiga construção não comportava mais todos os fieis: no outono de 2014 foi demolida e no seu lugar foi construída uma nova, diante da histórica catedral, hoje luterana, onde são conservadas as relíquias do Santo Rei Olav.

“Será a única catedral  que será consagrada este ano na Europa”, observa Rossiné, a segunda nova igreja na Noruega desde 2016, porque “próximo a Oslo foi construída outra”: com os números em constante elevação, há necessidade de novas construções e de novos sacerdotes para as 25 comunidades paroquiais do país.

Muitas nações, uma só comunidade

Os católicos noruegueses querem também participar mais da vida política. Busca-se o “diálogo com todos os partidos em vista das eleições parlamentares de 2017: queremos fazer ouvir também a nossa opinião”.

A Igreja Católica ganhou crédito, sendo reconhecida por diversos setores como “contexto de sucesso para a integração”, quer pelo que realiza dentro dela, quer pelo serviço de assistência social que oferece por meio de suas instituições, Caritas em primeiro lugar.

A comunidade católica é formada principalmente por poloneses, croatas, lituanos, filipinos, vietnamitas, eritreus, cingaleses e chilenos, os mais numerosos entre as 180 nacionalidades. “Não é fácil encontrar um equilíbrio entre a diversidade cultural, a independência das diversas nacionalidades e a única Igreja”.

Valores, identidade, diálogo

Também a atualidade ecumênica é densa. As relações com a Igreja Luterana são “muito cordiais” e cresceram nestes  anos com o trabalho comum em vista do 500º aniversário da Reforma.

Não teve consequências ecumênicas a recente decisão do Sínodo luterano de celebrar com rito religioso matrimônios de casais do mesmo sexo: “Nós esclarecemos os nossos valores e os nossos pontos de vista a este respeito e não existe confusão”.

Houve algum problema na parte luterana, onde “um punhado de pastores afirmou querer passar para a Igreja Católica”. São, de fato, cerca de cem luteranos que anualmente pedem para se tornar católicos.

A clareza da Igreja Católica suscita atração no debate público onde se registra uma retomada do debate sobre religiões, após anos em que “atingiu mínimos históricos”. É a atualidade do tema “Islã” e a sua forte identidade a colocar as religiões sob os refletores e fazer nascer também nos cristãos o questionamento a respeito dos próprios valores.

(je/sir)








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