2016-10-17 09:52:00

Semana do Papa de 10 a 16 de outubro


Nesta “Semana do Papa” destaque para a revolução cultural de que falou Francisco na audiência geral; atenção também para as canonizações deste domingo na Praça de S. Pedro.

A revolução cultural dos pequenos gestos

Quarta-feira, 12 de outubro: na audiência geral o Papa Francisco afirmou que com simples gestos de misericórdia podemos cumprir uma verdadeira revolução cultural, pois as obras de misericórdia são o antídoto contra a indiferença.

Segundo o Santo Padre não basta experimentar a misericórdia de Deus; é preciso que a pessoa que a recebe se torne também sinal e instrumento dela para os outros.

Não são precisos grandes esforços ou gestos sobre-humanos. Jesus indica-nos uma estrada muito simples, feita de gestos pequenos, são as obras de misericórdia, em primeiro lugar as corporais:

“Jesus diz que cada vez que damos de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestimos uma pessoa nua, acolhemos um forasteiro, visitamos um doente e visitamos um preso, fazemo-lo a Ele. A Igreja chamou a estes gestos ‘obras de misericórdia corporal’, porque socorrem as pessoas nas suas necessidades materiais” – disse o Papa.

No entanto, existem também as obras de misericórdia espiritual: dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo, rezar a Deus por vivos e defuntos – recordou Francisco.

Todas estas obras são o modo concreto de viver a misericórdia – declarou o Papa. Não devemos andar à procura de grandes empreendimentos e obras – referiu – o melhor é começar pelas mais simples que o Senhor nos aponta como sendo as mais urgentes. “Num mundo, infelizmente, atingido pelo vírus da indiferença, as obras de misericórdia são o melhor antídoto” – afirmou Francisco.

O Santo Padre foi ainda mais longe e considerou que com estes “simples gestos quotidianos podemos cumprir uma verdadeira revolução cultural”. Francisco recordou os muitos santos que são conhecidos não pelas “grandes obras que realizaram mas pela caridade que souberam transmitir”.

O Santo Padre deu como exemplo Santa Teresa de Calcutá que é recordada não tanto pelas muitas casas que abriu no mundo, mas porque se inclinava sobre cada pessoa que encontrava abandonada no meio da estrada para lhe devolver a dignidade – afirmou o Papa no final da sua catequese.

No final da audiência geral o Papa Francisco voltou a fazer um apelo pela paz na Síria:

“Quero sublinhar e repetir a minha proximidade a todas as vítimas do desumano conflito na Síria. É com um sentido de urgência que renovo o meu apelo, implorando, com toda a minha força aos responsáveis, a fim de que providencie a um imediato cessar-fogo, que seja imposto e respeitado, pelo menos pelo tempo necessário para consentir a evacuação dos civis, sobretudo das crianças, que estão ainda presos debaixo dos cruéis bombardeamentos.”

Luteranos no Vaticano: sinal de fraternidade

O Papa Francisco recebeu na manhã de quinta-feira, dia 13 de Outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de mil participantes na peregrinação luterana a Roma. O Santo Padre afirmou que a presença “tão numerosa e tão entusiástica” dos luteranos em Roma, é um sinal evidente da “fraternidade” que enche de “esperança” católicos e luteranos para continuarem a fazer crescer a “compreensão”.

Francisco aproveitou a ocasião para informar que nos dias 31 de outubro e 1 de novembro visitará Lund na Suécia, para, juntamente com a Federação Luterana Mundial, prestar homenagem à memória dos cinco séculos do início da Reforma de Lutero e agradecer ao Senhor pelos cinquenta anos de diálogo oficial entre luteranos e católicos.

Rezar é lutar

Na manhã deste domingo, dia 16 de outubro o Papa Francisco presidiu à celebração eucarística de canonização de sete novos santos. Comecemos por conhecer o perfil de cada um dos novos santos num trabalho de Silvonei José, nosso colega do programa brasileiro:

•  Salomão Leclercq, mártir, natural da França, da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs ou Lassalistas, durante os anos violentos da Revolução Francesa, foi preso e assassinado barbaramente, em 1792, no jardim do Convento dos Carmelitas, teatro de um dos mais terríveis massacres.

•  José Sanchez do Río, leigo e mártir, nascido no estado de Michoacan, México. Com a explosão da guerra chamada “cristera”, durante a perseguição religiosa, com apenas 14 anos, foi preso e torturado para que regasse à sua fé. Foi assassinado, em 1928, no cemitério da sua terra natal. Suas últimas palavras foram: “Viva Cristo Rei! Viva Nossa Senhora de Guadalupe!”

• Manuel González Garcia, nasceu em Sevilha, Espanha. Ao se tornar sacerdote fundou a “Obra das Três Marias e dos Discípulos de São João. Sendo ordenado Bispo auxiliar de Málaga, fundou a União Eucarística Reparadora e da Congregação das Irmãs Missionárias Eucarísticas de Nazaré. Durante a guerra civil espanhola, revolucionários queimaram quase todas as igrejas e a sede episcopal. Dom Manuel, escritor de obras de espiritualidade eucarística e catequética, faleceu em Madri em 1940.

• Ludovico Pavoni nasceu em Brescia, norte da Itália, sacerdote, dedicou-se aos pobres e abandonados, para os quais fundou o Instituto de São Barnabé, do qual nasceu a Congregação dos Filhos de Maria Imaculada. Deu um notável impulso às atividades editoriais e tipográficas. Durante o conflito dos “Dez Dias” em Brescia, Padre Ludovico tentou salvar seus jovens dos saques e das violências, foi acometido por uma broncopneumonia, vindo a falecer em 1949.

• Afonso Maria Fusco, sacerdote, nasceu na província italiana de Salerno, dedicou-se com grande zelo ao sacramento da Reconciliação e à pregação assídua da Palavra de Deus. Para ir ao encontro da instrução dos menores pobres, abriu uma escola em sua casa, que, posteriormente, se concretizou com a fundação da Congregação das Irmãs de São João Batista. A nova Instituição dedicou-se à educação das crianças órfãs e necessitadas. Padre Fusco faleceu em 1910, em Agri, sua cidade natal.

• Isabel da Santíssima Trindade, monja professa francesa, da Ordem das Carmelitas Descalças, nasceu no campo militar francês de Avor, em Bourges. Aos 18 anos, fez o voto de virgindade, que a levou a se dedicar à vida monacal do Carmelo de Dijon. A “grande mística” carmelita, contemporânea de Santa Teresinha do Menino Jesus, morreu em 1906, aos 26 anos, após um longo sofrimento, que suportou com fé e amor, devido à doença de Addison.

•  José Gabriel do Rosário Brochero, sacerdote diocesano, nasceu em Cordova, Argentina, em 1840. conhecido como “El cura Brochero”, assim chamado, carinhosamente, pelos antigos moradores das áreas rurais da Argentina, Uruguai e do Sul do Brasil. O Padre gaúcho percorreu a Argentina, em cima de uma mula, para levar a educação e a mensagem do Evangelho de Jesus aos povos das regiões mais remotas e pobres do país. Divulgou a prática dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, conseguindo muitas conversões. Apesar de ser acometido pela hanseníase, continuou a levar adiante a sua missão pastoral. O “El cura Brochero” faleceu em 1914 e foi beatificado pelo Papa Francisco em 2013.

Durante seus 3 anos e meio de Pontificado, Francisco proclamou 29 santos, em oito cerimónias no Vaticano, duas fora da Itália (EUA e Sri Lanka) e sete canonizações por equipolência ou seja, sem necessidade de outro milagre. Entre os santos proclamados por Francisco recordamos, entre outros, os Papas João XXIII e João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá e o Padre José de Anchieta.

Na homilia da Missa celebrada na Praça de S. Pedro o Papa Francisco afirmou que rezar é lutar e deixar que também o Espírito Santo reze em nós. O Santo Padre recordou o valor da oração na celebração de canonização de sete novos santos que “combateram a boa batalha da fé e do amor com a oração”.

O martírio e a proximidade aos pobres e aos doentes. É este o caráter comum que une os sete novos santos proclamados por Francisco. Santos que não são só um exemplo para a nossa vida quotidiana, mas que, sobretudo, nos ensinam o valor da oração:

“Os santos são homens e mulheres que entram profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam com a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao limite, com todas as suas forças, e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles.”

Lutar contra a pobreza com políticas sérias

No final da Missa celebrada na Praça de S. Pedro o Papa Francisco recitou a oração do Angelus. Na sua mensagem o Santo Padre saudou os fiéis vindos de vários países, em particular, aqueles que vieram dos países de origem dos sete santos canonizados nesta celebração. Delegações oficiais da Argentina, Espanha, França. Itália e México. “O exemplo e a intercessão destas luminosas testemunhas sustenham o empenho de cada um nos respetivos âmbitos de trabalho e de serviço, para o bem da Igreja e da comunidade civil” – disse Francisco.

Entretanto, o Papa Francisco referiu-se ao Dia Mundial contra a pobreza que tem lugar nesta segunda-feira dia 17 de outubro:

“Unamos as nossas forças, morais e económicas, para lutar juntos contra a pobreza que degrada, ofende e mata tantos irmãos e irmãs, fazendo políticas sérias para as famílias e para o trabalho” – disse o Santo Padre na oração do Angelus neste domingo dia 16 de outubro.

E com Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 10 a 16 de outubro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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