Pe. Spadaro: Francisco na Geórgia, uma viagem de misericórdia


Tbilisi (RV) – O primeiro dia do Santo Padre na Geórgia foi tema de análise também por parte do Diretor da revista dos jesuítas “La Civiltà Cattolica”, Padre Antonio Spadaro SJ, que acompanha Francisco nesta 16ª Viagem Apostólica de seu Pontificado:

“Certamente esta é uma viagem de misericórdia, porque a terra do Cáucaso do Sul – e em particular a Geórgia – é uma ferida aberta: uma terra em que existem dois conflitos religiosos, em que existe uma certa tensão entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. Vimos um olhar de Francisco e um olhar do Patriarca de uma grande doçura, onde esta misericórdia parece ter-se encarnada: assumiu o rosto humano. Me tocou muito o encontro entre o Patriarca e o Papa, porque o clima que se percebeu foi um clima extremamente fraterno. Houve também um brinde... Me tocou muito que o Patriarca Ortodoxo Elias tenha dito: “Que Deus abençoe a Igreja Católica de Roma”; e o Papa respondeu: “Deus abençoe o senhor e a Igreja Ortodoxa da Geórgia”. Este é um sinal evidente, um sinal palpável. E Papa falou obviamente – em seu discurso – também dos conflitos que este país vive: os nomeou, invocando a misericórdia do Senhor exatamente sobre estas situações de crise”.

RV: O Papa também salientou a questão da soberania nacional, que é importante e que sempre – um princípio muito caro a ele – as diferenças são uma riqueza...

“Exatamente. Devemos considerar, todavia, que nesta terra existem muitos refugiados das zonas ocupadas e portanto o Papa falou disto, tendo em mente e no coração o sofrimento destas pessoas, que se encontram separadas dos próprios parentes e da terra em que sempre viveram por uma cerca de arame farpado. Isto está muito presente no coração do Papa e vir a esta terra significa tocar com a mão uma ferida. E nós sabemos como as viagens do Papa – quase sempre – são viagens que tocam feridas abertas”.

RV: O último compromisso do dia foi na Igreja de São Simão: um encontro em que o Iraque abraçou o Papa, com toda a sua vivência de guerra, de sofrimento e de vítimas; e não somente, também toda a área médio-oriental. Como o senhor avalia este encontro?

“Uma sensação de abraço físico em relação ao Papa. Este canto que louvava o Senhor e, ao mesmo tempo, exprimia o sofrimento e citava os mártires. A impressão é que existe uma Igreja que sofre, que é porém capaz de celebrar. Com o Papa hoje quis celebrar a sua fé”.

(je/gc)








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