EDITORIAL: Favorecer a cultura do encontro


Cidade do Vaticano (RV) – Desde ontem, sexta-feira, (30) o Papa Francisco encontra-se em terras caucásicas, na segunda etapa da sua viagem ao Cáucaso. A primeira foi em junho passado à Armênia, e agora, Geórgia e Azerbaijão. Francisco deixou ontem o Vaticano para a sua 16ª viagem internacional.

Enquanto na Geórgia – como já vimos no dia de ontem e hoje - o destaque são os encontros do Pontífice com a comunidade ortodoxa local, no Azerbaijão a dimensão do diálogo inter-religioso será a predominante.

Durante a viagem – na qual o Papa vai fazer 10 discursos –, um momento de proximidade com as populações síria e iraquiana, muito sofridas por causa da guerra. Francisco fez ontem uma oração pela paz, rezando pela ‘Igreja-mártir’ na Síria, no templo católico caldeu de São Simão Bar Sabbae.

Esta viagem de Francisco é uma viagem muito importante, pois o conduz a terras que ainda tem feridas abertas, uma região que viveu e vive ainda hoje grandes conflitos, onde há interesses de ordem econômica e de ordem política.

E o Papa Francisco, como sabemos, vai aos extremos, à periferia, aos lugares onde pode tocar com a mão e estar presente ao lado daqueles que sofrem e que ainda tem feridas abertas, para aliviá-las e ajudar a curá-las. Quase um “médico” itinerante, dentro da dimensão da Igreja como hospital de campo, como disse já muitas vezes.

Como recordou nos dias passados, falando à Rádio Vaticano o jesuíta Padre Spadaro, na Geórgia o Papa toca também um lugar que é um poço de história cristã, onde há uma vida monástica muito ativa. Mas também nesta terra não faltam problemas, porque as relações com a Igreja ortodoxa são complexas. Por exemplo, a Igreja ortodoxa georgiana não reconhece a validade do Batismo administrado pelos católicos. Mas se desejam a presença do Papa e querem se encontrar com ele, é também uma mensagem muito clara de vontade de unidade, recordando as raízes profundas deste povo. “Pax Vobis” (a paz esteja convosco) é o lema da viagem à Geórgia, marcada pelo ecumenismo. 

Já na segunda etapa, que tem início na manhã deste domingo em Baku, capital do Azerbaijão, Francisco irá encontrar um país de maioria muçulmana. Segundo o programa, os principais eventos serão a visita à mesquita e o encontro com o xeique dos muçulmanos no Cáucaso. O tema “Somos todos irmãos”.

O Azerbaijão recebeu a visita de São João Paulo II 14 anos atrás e tem uma história de fé em um contexto não fácil. Uma curiosidade contada pelo Cardeal Filoni: o início da pequena comunidade católica neste país remonta um pouco ao tempo de São João Paulo II, quando, após a queda do Muro de Berlim, algumas famílias escreveram ao Papa dizendo: “uma vez éramos uma comunidade”, no sentido que o comunismo tinha praticamente cancelado todas as igrejas, e os poucos cristãos que sobreviveram estavam dispersos: por que o senhor não nos envia um sacerdote?, foi o pedido. JPII enviou um e então teve início a missão; foram encarregados os salesianos. Portanto, uma Igreja relativamente jovem em um país de raízes cristãs muito antigas. Hoje neste país há liberdade religiosa, de culto, e, assim, há muito a ser feito e construído.

Temos certeza, que Francisco nesta sua viagem apostólica lançará sementes que darão bons frutos, deixando marcas indeléveis da sua humanidade e simplicidade. O Papa visita Geórgia e Azerbaijão, dois países onde continua a sua missão de diálogo com confissões cristãs e com outras religiões e dá seu apoio às pequenas comunidades católicas. Uma viagem de pouco mais de 50 horas durante a qual leva consigo uma “mensagem de paz e de reconciliação”, para favorecer a cultura do encontro. Rezemos pelo êxito de mais esta missão de Francisco. (Silvonei José)








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