Papa no Azerbaijão: Cardeal Filoni, mensagem de paz e liberdade


Cidade do Vaticano (RV) - O Azerbaijão é a última etapa da 16ª viagem apostólica internacional do Papa Francisco, que terá início nesta sexta-feira (30/09).

O Papa chegará a esta ex-república soviética, de maioria muçulmana, no domingo, 2 de outubro, 14 anos após a visita de São João Paulo II, que respondendo aos pedidos de alguns fiéis, no final do comunismo, enviou um sacerdote. Existe hoje no Azerbaijão uma Prefeitura Apostólica confiada aos salesianos que depende da Congregação para a Evangelização dos Povos. “Uma história de fé num contexto não fácil”, disse à nossa emissora o Prefeito do dicastério vaticano, Cardeal Fernando Filoni.

Cardeal Filoni: “O início desta pequena comunidade católica no Azerbaijão é uma história muito bonita. Remonta um pouco ao tempo de João Paulo II, quando, depois da queda do Muro de Berlim, algumas famílias escreveram ao pontífice dizendo: ‘Uma vez éramos uma comunidade’, no sentido que o comunismo destruiu todas as igrejas e os poucos cristãos que sobreviveram se disperderam. Por que não nos manda um sacerdote? Dali começou a missão. Ao Azerbaijão, foram encarregados os salesianos da Europa central.”

Uma Igreja relativamente jovem não obstante as raízes cristãs do país sejam muito antigas. Que espaço real existe de crescimento e desenvolvimento para a comunidade católica?

Cardeal Filoni: “O espaço atual está ligado ao conceito de liberdade religiosa. Sabemos que nesses países existe sobretudo a liberdade de culto e também falar de tolerância é um aspecto inicial. Nós, sobretudo como Igreja, preferimos falar de direitos, porque pertence à natureza do ser cidadão professar a própria fé. Se isso for respeitado em todos os países, acredito que haverá sempre possibilidade de desenvolvimento, como disse o Papa, não por indução, para levar a fé através de mecanismos, mas pelo contato, pelo testemunho. No Azerbaijão, falamos de centenas de católicos muito vivos, bem inseridos dentro do contexto.”

Que tipo de fruto, de mudança, de influência poderá ter a presença do Papa nessas temáticas que o senhor citou, dos direitos à liberdade, do diálogo ao encontro?

Cardeal Filoni: “Acredito que o primeiro elemento fundamental, como o Papa Francisco teve modo de fazer e dizer na Armênia, é o da paz, de como os problemas podem ser resolvidos com a boa vontade. Também ali existem temáticas espinhosas, delicadas. Do ponto de vista religioso, os frutos são os do apreço por uma catolicidade tranquila, pacífica, organizada, do ponto de vista da caridade, com os poucos meios que temos.”

No âmbito civil, direitos e liberdade. Sabemos que existem discussões abertas entre Azerbaijão e Europa. Pensa que o Papa poderá de alguma forma tocar estas temáticas? Encontrará as autoridades, representantes sociais, diplomáticos...

Cardeal Filoni: “Não acredito que o Papa agirá diversamente de como fez em todos os outros países. Estou convencido de que o convite feito ao Papa de ir ao Azerbaijão não diz respeito a uma simples formalidade ou tática política, mas substancialmente é a estima por um Pontífice que do ponto de vista de sua missionariedade, de sua abertura em relação aos direitos, a todas as pessoas, sobretudo os mais pobres, é um Papa apreciado.”

O senhor foi ao Azerbaijão em 2012, dez anos depois da viagem de São João Paulo II. Ali, deixou indicações encontrando a comunidade católica. Confiou-lhe a oração pelas vocações, o zelo pela família, mas também a promoção do apostolado. Eram temáticas importantes. Por que fez essa escolha? Houve frutos no futuro?

Cardeal Filoni: “São frutos que estão crescendo gradualmente: a atenção à família, aos jovens, às mulheres e também no apoio a uma sociedade que precisa aprender o que significa solidariedade.”

O senhor foi núncio por muitos anos no Iraque e nomeado enviado especial do Papa ao Iraque. Na Geórgia, haverá um encontro especial na Igreja de São Simão em Tbilisi, uma igreja da comunidade assíria e caldeia. Será um momento importante para a comunidade sírio-caldeia no mundo...

Cardeal Filoni: “Encontrar o momento para rezar juntos, estar juntos, manifestar ao Papa as dificuldades, as amarguras desta ampla área que é o Oriente Médio, acredito que será uma boa ocasião para os cristãos de sentir a solidariedade do Papa e também de seus pastores, de ter esta encontro com o Papa numa terra que pertence historicamente e tradicionalmente a eles também.”

Parece-me que as diretrizes dessa viagem serão a paz, fraternidade, testemunho e proximidade...

Cardeal Filoni: “Sim, sem dúvida. Porque somente através da compreensão dos povos, do respeito mútuo, do respeito pelos direitos fundamentais de todo cidadão, prescindindo da religião, somente isso poderá dar a paz e o desenvolvimento aos próprios povos.” (MJ)








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