Plenária dos Bispos alemães: Europa, refugiados, ecumenismo


Berlim (RV) – “Há sempre menos confiança, na opinião pública, de que a Europa seja capaz de dar respostas aos desafios políticos atuais, depois que os egoísmos nacionais e a falta de disponibilidade ao compromisso por parte dos Estados membros levaram a União Europeia a uma profunda crise”. Esta  é a leitura dos bispos alemães sobre a situação da Europa após  a saída do Reino Unido do bloco.

A avaliação foi expressa pelo Cardeal Reinhard Marx, Presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, que em uma coletiva de imprensa na quinta-feira, onde  apresentou os resultados da Assembleia Plenária realizada em Fulda de 19 a 22 de setembro.

Que a União Europeia seja um projeto de paz e reconciliação

A Brexit  (saída da Grã Bretanha da UE) “levanta muitos questionamentos quanto à sobrevivência e o desenvolvimento da União ” - dizem os bispos, citados pela Agência SIR. Eles voltam a sublinhar “o significado da União Europeia como projeto de paz e de reconciliação” e renovam o seu empenho “em tomar parte em modo ativo no debate sobre o futuro da União Europeia” e a “continuar a trabalhar com decisão para integração europeia como projeto de paz e de unidade”.

Entre as questões discutidas pelos bispos no decorrer da Plenária, também o debate “preocupante” sobre a oportunidade de “tornar possível a experimentação farmacêutica em pessoas incapazes de entender e de querer”, com objetivos de pesquisa de fato “não orientadas a progressos na luta contra doenças como a demência”.

Amoris laetitia, “estímulo à evangelização”

Examinado pela Assembleia, outrossim, um texto a ser publicado em breve sobre “Formação à mídia e justiça participativa”, referente aos desafios da digitalização, porque “os valores éticos e morais e os padrões culturais do mundo analógico valem também para aquele digital”.

Após, os prelados concentraram-se sobre a “Amoris laetitia sobre o amor da família”, um documento que é “um estímulo à evangelização”, “apreciado” pelo “seu significado teológico e pastoral” e pelo “novo impulso” que oferece à Igreja alemã “sobre temas a serem tratados”.

Ajuda para os refugiados

Nos quatro dias de trabalho, também foi apresentada aos 66 bispos alemães, a nova tradução interconfessional da Bíblia, fruto de cerca de dez anos de trabalho, e da colaboração de quase 50 exegetas.

Como de costume, então, foi feita uma atualização da situação dos refugiados: nos primeiros sete meses de 2016, as 27 dioceses alemãs destinaram 52,2 milhões de euros a projetos no país e 27,3 milhões a projetos nas regiões em crise. Ademais, 28 mil refugiados são acolhidos nas estruturas eclesiais na Alemanha.

A este propósito, a Plenária teve a oportunidade de ouvir o testemunho do Arcebispo católico caldeu de Irbil, Dom Bashar Warda, que relatou a dramática situação dos cristãos no Iraque e agradeceu pela ajuda econômica recebida da Alemanha.

Eventos programadas para os 500 anos da Reforma

Por fim, com o olhar voltado para o próximo ano, em particular ao 500ª aniversário da Reforma protestante, o Cardeal Marx reiterou a importância do ano também para os católicos, enquanto “festa comum de Cristo”.

De fato, serão numerosos os eventos programados: de 16 a 22 de outubro próximo, nove Bispos da Igreja Católica e nove da Igreja Evangélica, farão uma peregrinação à Terra Santa, berço do cristianismo, “para renovar o seu compromisso no seguimento de Jesus, não obstante as divisões”.

Um segundo momento será concentrado na Sagrada Escritura, em fevereiro de 2017, para fazer memória do “Cristo que se fez Palavra de Deus”. Um mês mais tarde, em março, em Hildesheim, uma solene “celebração de reconciliação” buscará a “recíproca compreensão” dos desenvolvimentos eclesiais derivados da Reforma.

Possível cooperação católico-luterana nas escolas

Estes momentos – explicam os bispos alemães – poderão “dar a força aos cristãos para enfrentar os desafios de hoje na sociedade”, que serão objeto de um encontro ecumênico em setembro de 2017, organizado pelos organismos episcopais e laicais das duas Igrejas alemãs. A tal propósito, a Plenária discutiu também a possível cooperação entre católicos e evangélicos no ensino da religião nas escolas.

(JE/IP)








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