"Primado" na pauta da plenária católico-ortodoxa


Cidade do Vaticano (RV) – Teve início esta quinta-feira (15/09), em Chieti, Itália, a XIV Sessão Plenária da Comissão mista internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa.

O encontro é presidido, pelo lado católico, pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, e pelo lado ortodoxo, pelo Representante do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla junto ao Conselho Ecumênico das Igrejas, Arcebispo de Telmessos Job Gretcha.

O encontro pretende dar prosseguimento à reflexão iniciada pelo Documento de Ravena, delineando algumas características compartilhadas por católicos e ortodoxos de um primado a nível da Igreja universal que seja aceito por todos como um serviço à unidade. Trata-se de um tema que toca o coração do contencioso histórico entre católicos e ortodoxos.

A Rádio Vaticano conversou com o Sub-Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Mons. Andrea Palmieri, sobre as expectativas para esta Plenária:

“A esperança é a de alcançar um consenso suficiente para poder publicar um documento. Desde 2007, da Plenária realizada em Ravena, que a Comissão não consegue publicar um novo documento. Mas seria muito importante conseguir se chegar a tal consenso, pois ofereceria a possibilidade de enfrentar, mais tarde, novas questões. De fato, somente no quadro teológico e eclesiológico da relação entre primado e sinodalidade é possível tratar de outras questões ainda abertas no contencioso entre católicos e ortodoxos”.

RV: Esta Comissão encontra-se três meses após o Grande Concílio Pan-Ortodoxo realizado em Creta no mês de junho. O ecumenismo, as relações com as outras Igrejas, era um dos temas que foram tratados e é um assunto que causou algumas divisões neste Concílio. Que efeito terão os resultados neste Concílio sobre o encontro?

“O Concílio Pan-ortodoxo que realizou-se em Creta aprovou um documento sobre as relações entre a Igreja Ortodoxa  e o restante do mundo cristão. Portanto, de fato, houve naquele encontro um consenso entre as Igrejas que participaram naquele Concílio em relação a este tema. E então estamos confiantes de que aquele consenso alcançado naquele encontro poderá ajudar também a alcançar um consenso sobre o tema que atualmente está em discussão no diálogo entre católicos e ortodoxos. O documento, é um documento que seguramente abre novas perspectivas, um documento que atesta a vontade da Igreja Ortodoxa de continuar o diálogo teológico, não somente com a Igreja Católica, mas também com as outras Igrejas e comunidades eclesiais. Deste ponto de vista é seguramente um encorajamento também para o diálogo católico-ortodoxo”.

RV: Este encontro tem lugar também alguns meses após o histórico encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill em Cuba. Um grande acontecimento nas relações entre Roma e Moscou. Também isto, talvez, poderá ter alguma repercussão sobre o vosso diálogo, nesta ocasião?

“Certamente, o encontro em Cuba terá uma influência positiva. Todas as ocasiões de encontro, de diálogo e de troca entre os líderes das Igrejas oferecem o contexto e o clima para poder levar em frente o diálogo teológico. Mas nós devemos recordar também outro histórico encontro que realizou-se durante este ano: o do Papa Francisco, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Hieronimus, em Lesbos. O diálogo teológico, quando é realmente tal e não simplesmente uma discussão acadêmica, diz respeito ao coração da vida da Igreja, Não por acaso o tema da sinodalidade e do primado estão no centro da atenção, quer da Igreja Católica, quer da Igreja Ortodoxa;. Ambas as Igrejas se interrogam sobre como deve ser exercida a sinodalidade na relação com o primado. E isto, não somente por um interesse intelectual, mas porque a relação é com a própria missão da Igreja: basta ver como na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” o Papa coloca precisamente as questões da reforma do Papado e a questão da sinodalidade, no documento em que se fala precisamente da nova evangelização. Discutir sobre estes temas significa também pensar juntos em uma Igreja reconciliada que possa estar a serviço da missão da Igreja de levar o Evangelho a todos os homens, também os homens de hoje que, mesmo sendo batizados, não vivem plenamente a sua adesão à Igreja”.

(JE/PH)








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