Deserto no Níger, uma nova e perigosa rota para migrantes


Niamei (RV) - Após os corpos de 34 migrantes terem sido encontrados no deserto entre o Níger e a Argélia, em 16 de junho, as autoridades do Níger apontam que o Saara transformou-se em uma nova rota de migração para aqueles que buscam alcançar as costas do Mediterrâneo, e de lá, a Europa. 

Milhares de imigrantes chegaram nos últimos anos na Argélia, vindos da África Ocidental e África Central. Muitos têm usado esta rota migratória passando pela a Argélia e pela cidade de Assamakka.

Assamakka, pequena cidade do deserto, ponto de passagem entre o Níger e a Argélia, é também um terminal de ônibus nigeriano. Os migrantes, assim, ficam à mercê dos contrabandistas, para atravessar o deserto até a costa do Mediterrâneo.

Traficantes de pessoas

"Estes traficantes sem escrúpulos amontoam vinte migrantes na parte traseira de sua picape. Muitas vezes, algumas pessoas caem. Independentemente do que acontece, os contrabandistas não param", explica a porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Kim Florence. A consequência é fatal para os migrantes, que ficam sem comida e água, abandonados à própria sorte no deserto.

Na região de Assamakka, as temperaturas podem chegar aos 42 graus. Há também as tempestades de areia que modificam a paisagem, enganando os migrantes no deserto. Alguns contrabandistas os abandonam. Provavelmente, foi o que aconteceu com as 34 pessoas encontradas mortas, ao que tudo indica de sede, de acordo com as autoridades nigerianas.

Controle quase impossível

"O Níger tem uma área duas vezes o tamanho da França, metade do Mediterrâneo. E é evidente que os contrabandistas tiram proveito justamente deste enorme deserto para poder concretizar um crime extremamente bem organizado. Vemos comboios de uma centena de carros, cada um carregando cerca de vinte migrantes. Isto é o que está acontecendo no Níger e é uma área muito difícil de controlar", afirma Florence Kim.

O Saara pode ser tão mortal quanto o Mar Mediterrâneo, mas apenas uma pequena fração daqueles que morrem a cada ano é reconhecido. A coleta de dados críveis e a investigação na área são quase impossíveis, sublinha a OIM.

 (rfi/je)








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