Cardeal Damasceno: “impeachment foi político”


Rádio Vaticano (RV) – O Cardeal Arcebispo de Aparecida (SP), Raymundo Damasceno Assis considerou que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi “político”.

"Eu creio que o impeachment foi realmente político embora estando embasado juridicamente em dois crimes de responsabilidade fiscal dos quais a presidente foi acusada. Mas é, sem dúvida, também, um julgamento jurídico e não podemos dizer que foi um 'golpe' porque é previsto na Constituição. Todo este processo foi realizado dentro da legislação brasileira, acompanhado pelo Supremo Tribunal Federal, presidindo esse processo o presidente da Suprema Corte. Cabia ao Senado fazer um juízo de valor sobre essas acusações e terminou justamente aprovando o impeachment da presidente por 61 votos a favor e 20 contra. Os senadores também decidiram, por outro lado, manter os direitos políticos da presidente, de modo que ela não se torna inelegível. Vamos fazer votos de que este novo governo que está assumindo não prejudique os programas sociais, embora passemos por uma dificuldade econômica e social. Mas geralmente nestas crises muitas vezes os mais pobres são os que mais sofrem. O governo busca conter gastos e aumentar os impostos para poder cobrir o déficit, o buraco nas finanças, e isso tem o risco de fazer sofrer mais ainda as pessoas mais pobres, a população mais vulnerável. E nos preocupa um projeto de emenda constitucional que congela as despesas primárias por 20 anos. Isto é: despesas relativas à educação, à saúde. Portanto, as necessidades fundamentais básicas das pessoas. De modo que fazemos votos de que essa situação seja superada e o novo governo seja sensível à situação social da nossa população, dos mais pobres, e que as medidas realmente não resultem numa penalização ainda maior dessa população que já é tão sofrida no momento". 

Dom Raymundo está em Roma para a inauguração do Memorial a Nossa Senhora Aparecida nos Jardins do Vaticano, e também para a Canonização de Madre Teresa de Calcutá.

Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Raymundo falou ainda sobre o cuidado com a casa comum – nova obra de misericórdia sugerida pelo Papa –, do Ano Mariano que o Brasil vai celebrar a partir de outubro pelos 300 anos do achado da imagem, do encontro pessoal que teve com a futura Santa Teresa de Calcutá.

A íntegra da entrevista com Dom Raymundo vai ao ar no Programa em Romaria, às 12 de Brasília, e ficará disponível on-demand.

(cm/sp/rb)








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