Piedade popular: forma genuína de evangelização


Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso quadro semanal “O Brasil na Missão Continental”, projeto de animação missionária fruto da Conferência de Aparecida (maio de 2007) que, como se tem ressaltado, deu novo impulso à ação evangelizadora da Igreja na América Latina e no Caribe.

Na edição de hoje vamos nos ater a um dos temas de relevante importância na Conferência de Aparecida, ou seja, a religiosidade popular.

Traço característico da religiosidade dos nossos povos da América Latina e do Caribe, Aparecida buscou valorizar, resgatar e incentivar a piedade popular na ação evangelizadora da Igreja no âmbito da "Missão Continental".

Para tratar do assunto, partimos do discurso do Papa Francisco, em 21 de janeiro próximo passado, no Vaticano, a cerca de três mil participantes no Jubileu dos Agentes de Peregrinações e Reitores de Santuários, ocasião em que sublinhou a importância da peregrinação, “uma das expressões  mais eloquentes da fé do povo de Deus e que manifesta a piedade de gerações de pessoas”, disse o Pontífice.

“Esta religiosidade popular é uma forma genuína de evangelização, que precisa ser cada vez mais promovida e valorizada, sem minimizar a sua importância”, observou.

"Nos santuários, de fato, a nossa gente vive a sua profunda espiritualidade, aquela piedade que durante séculos moldou a fé com devoções simples, mas muito significativas.”

Seria, portanto, um erro pensar que aqueles que vão em peregrinação vivem uma espiritualidade não pessoal, mas "de massa", pois o peregrino leva consigo a própria história, a própria fé, luzes e sombras da própria vida, porque o santuário é realmente um espaço privilegiado para encontrar o Senhor e fazer a experiência da sua misericórdia, ressaltou o Santo Padre.

O Papa citou uma curiosidade: o Beato Paulo VI, na “Evangellii nuntiandi”, fala de “religiosidade popular”, mas diz que é melhor dizer “piedade popular”. E depois, disse Francisco, o episcopado latino-americano no Documento de Aparecida dá um passo a mais e fala de “espiritualidade popular”. "Os três conceitos são válidos, mas juntos", observou.

E a propósito do Documento de Aparecida, recorremos diretamente a ele para ver o que nos diz a respeito:

“Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel tão nobre e orientador que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos, não obstante as diferenças sociais, étnicas ou de qualquer outro tipo” (DA, 37).

“Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer. A religião do povo latino-americano é expressão da fé católica. É um catolicismo popular, profundamente inculturado, que contem a dimensão mais valiosa da cultura latino-americana”, lê-se no DA, 258.

Por fim, em sua conclusão no nº 549 o documento afirma que “Para nos converter em uma Igreja cheia de ímpeto e audácia evangelizadora, temos que ser de novo evangelizados e fiéis discípulos. Conscientes de nossa responsabilidade pelos batizados que deixaram essa graça de participação no mistério pascal e de incorporação no Corpo de Cristo sob uma capa de indiferença e esquecimento, é necessário cuidar do tesouro da religiosidade popular de nossos povos para que nela resplandeça cada vez mais “a pérola preciosa” que é Jesus Cristo e seja sempre novamente evangelizada na fé da Igreja e por sua vida sacramental. É preciso fortalecer a fé “para encarar sérios desafios, pois estão em jogo o desenvolvimento harmônico da sociedade e da identidade católica de seus povos”.

E com esta passagem do Documento de Aparecida concluímos “O Brasil na Missão Continental de hoje”. Até a próxima, se Deus quiser. (RL)

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