Dom Paglia: Papa quer uma Igreja próxima às fronteiras mais delicadas


Cidade do Vaticano (RV) - “Uma reforma que torne a Igreja cada vez mais capaz de realizar a sua missão de salvação e de cura precisamente lá onde a vida dos indivíduos é mais ameaçada pelas novas culturas da competição e do descarte.”

Este é o sentido que o Papa Francisco quer dar na renovação das estruturas eclesiais, segundo o quirógrafo do pontífice, publicado nesta quarta-feira (17/08). Neste contexto, Dom Vincenzo Paglia foi nomeado, pelo Santo Padre, Presidente da Pontifícia Academia para a Vida e Grão-chanceler do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família. 

Entrevistado pela nossa emissora, eis o que disse o arcebispo.

Dom Paglia: “Acredito que com estas nomeações o Papa quis determinar de maneira mais clara o novo andamento das conclusões do Sínodo dos Bispos, em particular da Exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’. O Papa Francisco oferece uma primeira reorganização da Cúria Romana, mostrando a perspectiva eminentemente pastoral na qual ele se colocou. De fato, no quirógrafo, em relação ao Pontifício Instituto João Paulo II e a Academia para a Vida, pretende desenvolver o aspecto propriamente cultural e formativo do Sínodo dos Bispos, e a nomeação do prefeito do novo Departamento para Leigos, Família e Vida responde a esta clara perspectiva pastoral, escrita dentro da Igreja como Povo de Deus, ressaltando de alguma forma a dimensão familiar de toda a realidade eclesial. Francamente, parece-me uma perspectiva muito interessante.”

No Quirógrafo, dirigido ao senhor Dom Vincenzo, o Papa diz que “inclinar-se sobre as feridas do homem para compreendê-las e curá-las é missão de uma Igreja confiante na força de Cristo ressuscitado”...

Dom Paglia: “O Papa quer exortar quem vive diretamente o contato pastoral e aqueles que estão em contato com a cátedra e o estudo a encontrarem uma nova aliança entre a prática da vida pastoral e a reflexão teológica que se confronta com novos horizontes e novas perspectivas ou novos desafios que a sociedade apresenta continuamente à Igreja, particularmente fortes no início deste novo milênio. O Papa não quer uma pastoral cega e uma teologia de escrivaninha. Quer que toda a Igreja em todas as suas componentes se incline sobre a sociedade contemporânea a fim de que a graça e a misericórdia do Senhor reerga, restabeleça, ajude e nos leve ao itinerário rumo à plenitude do Reino.”
 
Ainda no Quirógrafo, o Papa pede um aprofundamento destas temáticas, inserindo-as cada vez mais no horizonte da misericórdia...

Dom Paglia: “O horizonte da misericórdia preside esta seção da reforma da Cúria Romana. Neste sentido, existe a convicção de que tudo converge não numa reflexão teórica, mas naquilo que a Igreja diz ser a “prima lex”, ou seja, a salvação das almas, a salvação das pessoas, a salvação das famílias e ajuda a esta sociedade que muitas vezes se parece a um campo de batalha dentro do qual a Igreja deve agir e fazer sentir a misericórdia de Deus, com dedicação e continuidade de compromisso, a fim de que todos, ninguém excluído, seja alcançado pelo amor de Deus, que é um amor que muda e salva.”

Como o senhor recebeu esta nomeação do Papa?

Dom Paglia: “Obviamente, com atenção e gratidão. O trabalho que eu fiz até agora me envolveu muito no âmbito da concretude, do encontro com muitas realidades eclesiais e com muitas conferências episcopais. Vejo este desejo do Papa como um querer acelerar a proximidade da Igreja para com as fronteiras mais delicadas e que exigem consciência, audácia e também criatividade.” (MJ)








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