Pe Jacques será lembrado na Solenidade da Assunção, dia de oração na França


Paris (RV) – Em toda a França este dia 15, na Solenidade da Assunção de Maria, as missas serão dedicadas nas intenções do país, para que Deus o abençoe neste difícil momento que está atravessando, devido ao terrorismo. Os sinos de todas as igrejas irão badalar juntos ao meio-dia.

Será um dia de oração especial, onde a memória de Padre Jacques Hamel – assassinado por dois extremistas islâmicos em 26 de julho passado enquanto celebrava a missa  na sua Paróquia de Saint-Etienne du Rovray – também será recordada.

Sobre os sentimentos que motivam este dia, a Rádio Vaticano conversou com o Arcebispo de Rouen, Dom Dominique Lebrun:

“O 15 de agosto na França é tradicionalmente um dia de oração para o país. O faremos em modo muito intenso depois do assassinato de Padre Jacques Hamel. A Assunção de Maria é o sinal da vitória total de Jesus, não somente a sua vitória, mas a vitória da humanidade já presente em Maria. Assim, eu pensarei muito em Jacques Hamel, que foi unido ao corpo de Cristo na sua morte, no sofrimento. Hoje, espero na vitória, graças a Maria”.

RV: Padre Jacques Hamel é um mártir da fé: parece totalmente inacreditável que em pleno século XXI, na Europa, em plena França, possam existir “mártires” da fé. Este é um fato que surpreende, que faz refletir; o senhor poderia apoiar uma causa de canonização?

“A violência nos surpreende sempre, porém, há tempos que na França falamos do “testemunho” que é depois o significado da palavra “martírio”. Eu estava com os jovens na Jornada Mundial da Juventude. Eles me falaram de suas dificuldades, das violências que sofrem quando ousam dizer que são católicos, que não estão de acordo com os professores da Universidade ou que querem aprofundar um tema, mas não se pode, porque é “muito católico, ou muito religioso”. Portanto, o sentimento de um testemunho por causa da violência aqui na França, nós conhecemos. Em relação à possível canonização, para o reconhecimento do martírio de Jacques Hamel, precisa tempo. Os ouvintes talvez saibam, que somente depois de cinco anos da morte, o Bispo pode abrir um processo de canonização. A coisa importante é o testemunho de Padre Jacques Hamel. Depois, talvez chegará o reconhecimento que começa exatamente por meio dos fieis católicos, ou seja, pela fama de santidade. Mas ficamos muito tocados pela atitude do Prefeito, que chorou naquele dia e também nos dias sucessivos, pela morte do Padre Hamel. Ele, que é comunista, que se diz ateu,  bem, seu coração ficou muito tocado por isto. Portanto, ouço todas as vozes, recolho e depois vejamos daqui a cinco anos”.

RV: O Cardeal Tauran sublinhou a urgência do diálogo islâmico-cristão, um diálogo que ele apresenta como o antídoto talvez mais eficaz ao terrorismo...

“O Cardeal Tauran tem o costume de dizer que estamos “condenados” ao diálogo, condenados ao amor. Esta palavra – “condenado” – assume um significado muito forte. Padre Jacques foi “condenado”. Nunca renunciou ao diálogo, que de fato, é a atitude fundamental de Deus diante do homem pecador. Portanto, o comportamento de Jesus no Evangelho deve tornar-se o nosso comportamento profundo, só que este diálogo deve ser verdadeiro, aprofundado. Assim, espero muito que depois disto, os encontros com os nossos amigos muçulmanos se tornarão mais profundos. Não se trata de estar um ao lado dos outros, de trocar um par de sorrisos e basta. Não, queremos fazer um projeto conjunto para a comunidade. Temos realmente pontos em comum e talvez pontos que não sejam tal. Como resolvemos isto? É necessário realmente aprofundar este diálogo”.

(JE/JP)








All the contents on this site are copyrighted ©.