Fórum Social Mundial: Norte deve rever exploração do Sul


Montreal (RV) – Prossegue em Montreal, no Canadá, o Fórum Social Mundial, que nesta sua 12ª edição tem como tema "Um outro mundo é necessário. Juntos torna-se possível". Pela primeira vez, o evento que reúne associações e movimentos provenientes de todo o mundo, é realizado em um país industrializado.

A Rádio Vaticano conversou com o Padre Efrem Tresoldi, Diretor da revista “Nigrizia”, dos combonianos, e participante do evento:

“A escolha desta cidade, que está pela primeira vez no mundo ocidental, foi decidida pelo fato de que muitos dos problemas do Sul do mundo têm as próprias raízes aqui, no Norte. Eu diria de uma forma mais explícita: o Canadá é uma das nações do Norte do mundo que tem grandes investimentos minerais no Sul, na África, na América Latina... O significado da escolha de Montreal é justamente o de indicar que a solução dos problemas do Sul do mundo deve também partir daqui, do Norte do mundo.  Em uma região onde, precisamente, existem estas grandes companhias que levam em frente a exploração dos recursos do Sul do mundo, deixando pouco às pessoas do lugar e poluindo o ambiente, violando os direitos humanos. E assim o significado é precisamente este: criar uma maior tomada de consciência do Norte do mundo em relação aos tantos problemas e conflitos, também armados, que ocorrem no Sul do mundo, onde as potências ocidentais - mas também aquelas emergentes da Ásia - levam em frente esta exploração sem critérios, violando também os direitos ambientais”.

RV: Portanto, do Fórum Social Mundial eleva-se este grito, frequentemente de dor e de sofrimento, do Sul do mundo. Mas o Norte do mundo está preparado para uma mudança radical, para um exame de consciência?

“Não está, certamente, pronto. Mesmo que existam – e continuam a trabalhar – muitos movimentos, organismos governamentais comprometidos em promover esta sensibilização, também pelo fato de que não é somente pelo bem dos povos do Sul do mundo que devemos nos comprometer. Devemos nos comprometer também pelo próprio planeta que sofre. Portanto, as consequências de uma economia, voltada somente ao lucro e ao capital, são deletérias para todos, não somente para o Sul do mundo: sabemos como esta economia baseada nos combustíveis fósseis leva realmente ao aquecimento do planeta com todas as consequências  das mudanças climáticas”.

RV: Qual é o balanço depois de 15 anos do primeiro Fórum realizado em 2001 em Porto Alegre?

“O balanço destes 15 anos, do primeiro World Social Forum no Brasil, é que este mundo novo, este outro mundo, é possível. Mas é possível somente se trabalharmos juntos: esta é, um pouco, a palavra chave. É este “juntos”. Deve-se, isto é, procurar colocar-se em rede com tantas outras organizações que trabalham com o mesmo objetivo, para além das diferenças de fé ou de crenças. Deve-se estar unidos pelo mesmo ideal de uma economia sustentável do ponto de vista dos direitos humanos. Uma economia sustentável e equitativa também no que diz respeito aos recursos da terra. Portanto, este “juntos”, torna-se um pouco um chamado a uma maior colaboração e cooperação entre as várias entidades e organizações empenhadas pela justiça social e ambiental”.

(JE/AL)








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