Patriarcado de Moscou: uniatismo coloca em perigo diálogo com Roma


Moscou (RV) – O Patriarcado de Moscou tem a intenção de colocar no centro da agenda de diálogo com o Vaticano a questão dos greco-católicos (chamados de ‘uniatos’, porque em comunhão com o Papa) na Ucrânia. É o que informa uma nota do Departamento Sinodal para as Relações Eclesiásticas  Externas (DECR) publicada pela Agência Asianews.

O tema voltou a ser “urgente – explica o comunicado – depois dos fatos ligados à procissão pan-ucraniana da Cruz, organizada em julho pelos ortodoxos ligados ao Patriarcado de Moscou.

Devido à “retórica do Arcebispo Mor de Kiev, Sviatoslav Shevchuk, e do Cardeal Lubomir Husar, sem precedentes em termos de agressividade em relação à Igreja Ortodoxa ucraniana Canônica e do Patriarcado de Moscou em geral”, o DECR “considera que seja uma missão urgente rever a questão das consequências canônicas e pastorais do uniatismo na próxima sessão plenária da Comissão Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja ortodoxa”. A reunião está prevista para se realizar de 15 a 22 de setembro em Chieti, Itália.

A procissão pan-ucraniana da Cruz realizou-se de 3 a 27 de julho e reuniu em Kiev os fiéis do Leste e Oeste do país. O evento – que segundo a Interfax reuniu 100 mil pessoas – terminou na véspera do aniversário do Batismo da Rus (celebrado em 28 de julho), o berço medieval da atual Rússia, Bielorússia e Ucrânia.

Naqueles dias, Dom Shevchuk concedeu uma entrevista ao Depto de informações da Igreja Greco-católica ucraniana, em que deu a entender que a procissão era uma iniciativa política pró-russa. O Patriarcado de Moscou “é frequentemente usado como um instrumento nas mãos dos agressores” – declarou o Arcebispo – fazendo alusão à presença russa nas regiões ucranianas do Leste, onde continuam os confrontos entre exército governamental e os rebeldes filo-russos.

Dom Shevchuk, depois, comparou a procissão a um “escudo humano feito de civis” e advertiu que se houvesse “slogans anti-ucranianos e provocações por parte dos participantes da procissão”, teria sido “o fim do Patriarcado de Moscou na Ucrânia”.

O Cardeal Husar, por sua vez, definiu a procissão como uma iniciativa “de um cinismo pior do que se poderia imaginar”.

É “evidente destas declarações que exalam ódio, que a ortodoxia canônica continua a ser um objetivo para os venenosos ataques por parte dos líderes uniatos”, denunciou o Patriarcado de Moscou.

No comunicado, o DECR pergunta-se se é possível dialogar com a Igreja de Roma sobre questões teológicas em um momento em que “o problema do uniatismo continua a ser uma ferida que sangra e os líderes uniatos não põe fim à sua retórica politizada e blasfema contra a Igreja Ortodoxa ucraniana Canônica”.

A Ucrânia é um dos países mais cristãos da Europa. A sua tradição é bizantina-ortodoxa, mas muito fragmentada. As três denominações respondem à Moscou (Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Moscou). Em Kiev (Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kiev, não reconhecida canonicamente) e a Constantinopoli (Igreja Ortodoxa autocéfala ucraniana). Existe também a Igreja Greco-católica ucraniana, que responde a Roma.

(JE/Asianews)








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