Lumen Gentium: Deus como Pai e a Igreja como Mãe


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso Espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Constituição dogmática Lumen Gentium.

 

A Igreja como “Esposa de Cristo” é uma das imagens utilizadas pela Constituição Dogmática Lumen Gentium para referir-se à Igreja, tema de nosso último programa. O Padre Gerson Schmidt, incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, inspirou sua reflexão na unidade esponsal entre Cristo e sua Igreja, e para ilustrá-la, citou a frase do Cardeal  Ratzinger: “a Igreja é corpo de Cristo porque é esposa de Cristo!”. No programa de hoje, Padre Gerson nos propõe a reflexão “Deus como Pai e a Igreja como Mãe”:

“O que seria de nós, como seguidores de Cristo, sem a Igreja? Não é fácil responder a esta pergunta de forma curta e clara. E diante deste desafio, nos damos conta do que Santo Agostinho já dizia: Jesus e os seus seguidores formam, juntos, o Cristo Total. Jesus é a cabeça da Igreja, e nós todos somos seu corpo. O corpo unido pela Eucaristia, que se faz um com o próprio Jesus. É um erro tentar separar Cristo e a Igreja. Seria como negar que Jesus Cristo elegeu doze seguidores para perpetuar seu trabalho, realizando obras bem maiores do que as que ele fez (Jo 14,12) e garantindo que Ele estaria presente todos os dias até a consumação dos tempos. O mistério da Igreja já estava claro mesmo para a primeira comunidade cristã. São Paulo usa a imagem da Igreja para servir de referência na relação entre marido e esposa. Neste contexto, declara que «Cristo é a cabeça da Igreja e o salvador do corpo», que «a Igreja está sujeita a Cristo», e «Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível». Garante ainda que Cristo alimenta a Igreja e dela cuida (Ef. 6,21-33). Diante disto, a Igreja não é uma invenção dos homens. Interessante observar que no século III São Cipriano já afirmava: «Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe.» Quem de nós permite fica passivo a uma agressão contra a sua mãe?

Santo Agostinho afirmou assim: “Visitai esta Mãe que vos gerou. Vede o que ela vos deu: Uniu a criatura ao Criador; dos servos fez filhos de Deus; dos escravos dos demônios, irmãos de Cristo. Não sereis ingratos a tão grandes benefícios se lhes oferecerdes a alegria de vossa presença. Ninguém pode sentir que Deus o ama se despreza a Igreja mãe. Esta mãe santa e espiritual prepara-vos cada dia alimento espiritual... Ela não quer que seus filhos tenham fome desse alimento. Não abandoneis esta mãe, para que ela vos sacie da abundância de sua casa... vos recomende a Deus Pai como filhos dignos e vos conduza, livres e com saúde, à pátria Eterna, depois de vos ter alimentado com Amor”. Portanto, tenhamos pela Igreja o mesmo amor que temos a Cristo. Tenhamos pela Igreja o mesmo respeito que temos pela nossa mãe. Tenhamos pela Igreja a mesma generosidade que teve Cristo, ao santificá-la e por ela se entregar na cruz inteiramente. Que esta máxima de São Cipriano possa nos fazer refletir hoje: “Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe”.








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