Afeganistão, 1.300 crianças mortas em 2016


Roma (RV) - Mais de 1.300 crianças atingidas pela guerra no Afeganistão, 1.601 civis mortos e 3.565 feridos. São números terríveis, ainda mais se se considera que o período de referência é somente o ano de 2016, do início do ano até o mês de junho. Este é o dado choque divulgado em Genebra pela ONU no último relatório elaborado pela equipe de peritos para Direitos Humanos da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA). Em uma nota destaca-se que as forças antigovernamentais são responsáveis pela maioria das mortes de civis (60%), mas também se destaca que aumentaram os civis mortos e feridos das forças pró-governo. As crianças são envolvidas em guerrilhas, tiroteios e represálias. Andrea Iacomini, porta-voz do Unicef Itália, conversou com a Rádio Vaticano.

R. Hoje, mais uma vez, como nos últimos seis meses, registramos neste país fatos impressionantes. As crianças são assassinadas em situações absurdas: durante a oração; enquanto brincam, pelas ruas ou com os pais, em condições de quase normalidade. No que se refere às mortes de crianças inocentes, o Afeganistão, junto com a Síria, pode ser absolutamente considerado o mais grave drama das últimas décadas.

P. – São dados que impressionam…

R. – São dados que impressionam, pois demonstram que a comunidade internacional, mais uma vez, continua inerme – parada – e, sobretudo, não há formas de sanções que impeçam esses ecídios. As crianças estão pagando um alto preço neste país: 1.300 estão envolvidas; a metade delas perdeu a vida, e as demais mutiladas ou vítimas dos piores sofrimentos: estes são dados verdadeiramente inaceitáveis! E isso não é retórica: não é retórico o fato de usarmos, termos como esses para enfatizar a problema. É absurdo que não exista um plano internacional para pôr fim a essas situações.

P. – Quais soluções poderiam ser adotadas?

R. – Antes de tudo, pôr fim aos conflitos. Parece retórico, mas evidentemente não se faz o suficiente: e nestas situações assim tão difíceis, que duram décadas, o xadrez internacional, com suas regras e suas normas de geopolítica tem na verdade, precedência sobre a tutela dos direitos humanos e das leis. Porque a Convenção sobre a Proteção dos Direitos do Homem, assinada por todos os Estados-Membros, afirma fortemente que as crianças não devem ser vítimas de conflitos! Dizem isso também todos os tratados de direito internacional e todas as normas que estes Estados assinaram. E também nós, que fomos protagonistas de grandes momentos da civilização, somos agora vítimas desta situação! O inimigo a ser derrubado não é um inimigo fácil: também em outros países há enormes problemas geopolíticos, conflitos que não encontram solução; nisto, de alguma forma, todos nós estamos envolvidos.

P. - Se não fossem tomadas iminentes medidas, quais consequências poderemos esperar?

R. - Fala-se de situações em que haverá milhões e milhões de crianças atingidas por conflitos em muitas partes do planeta. A tendência que estamos vendo deve ser invertida, e a única maneira de fazer isso é o diálogo; a educação; e, certamente, a busca de esforços diplomáticos para alcançar a paz. Naturalmente, é necessário também comprometer-se para levar, em muitas partes do mundo, a luta contra a fome, a pobreza, a mortalidade infantil; luta que fez grandes progressos nos últimos anos, mas que, obviamente, gera depois situações de crescente desconforto, que é a base de grandes descontentamentos sociais e da explosão de fortes confrontos dentro dos países. No que diz respeito ao Afeganistão, é necessário um ulterior esforço que possa colocar um fim à violência das forças antigovernamentais, que – segundo afirma o relatório - não têm sequer a adequada punição. Portanto, este é mais um problema. (SP)








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