Igreja: justiça restaurativa para vítimas do conflito salvadorenho


São Salvador (RV) - A Conferência Episcopal de El Salvador (CEDES) pediu, por meio de um comunicado, uma “justiça restaurativa” em favor das vítimas do passado conflito armado, em sintonia com a abolição da Lei da Anistia decidida pela Corte Suprema de Justiça.

O pronunciamento assinado por nove bispos e um sacerdote administrador da diocese de São Miguel não pede a prisão dos culpados, mas sim que as vítimas “sejam ouvidas e tenham seus direitos respeitados”. 

Nada de vingança e revanchismo

A CEDES diz que não se deve interpretar a decisão judicial como um instrumento de revanchismo e vingança, mas ao contrário, “é o momento da justiça, da misericórdia e do perdão; de trabalhar todos pela instauração da verdadeira paz”. 

A instituição, máxima autoridade da Igreja católica, faz também um chamado enérgico aos deputados da Assembleia Legislativa, para que legislem da maneira jurídica “mais conveniente”.

A Conferência Episcopal assegura que está a favor das vítimas e da reconciliação e cita uma frase de São João Paulo II: “Não se pode permanecer prisioneiros do passado: é necessária, para cada um e para os povos, uma espécie de ‘purificação da memória’, a fim de que os males do passado não se repitam”. 

Lei da Anistia, o que é

Promulgada em 1993, a Lei da Anistia em El Salvador tinha por fim impedir investigações e julgamentos de crimes ocorridos durante os 12 anos de guerra civil (1979-92) que deixaram um rastro de mais de 85 mil mortos e 8.000 desaparecidos no país.

Com a abolição decidida pelo tribunal, poderá vir à luz a verdade sobre massacres e assassinatos protagonizados pelas forças em conflito, o regime militar no poder após o golpe de 1979, e a guerrilha Farabundo Martí (FMLN) e agrupações a ela associadas. 

 








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