Card. Cordes: Carmen foi a mente teológica do Caminho Neocatecumenal


Roma (RV) – Às 18 horas de quinta-feira (21/07) foram celebradas na Catedral de Almudena, em Madrid, as Exéquias de Carmen Hernandez, iniciadora - junto com Kiko Arguello - do Caminho Neocatecumenal. Ela faleceu na capital espanhola na terça-feira, aos 85 anos.

O rito foi presidido pelo Arcebispo de Madrid, Dom Carlos Osoro Sierra, na presença de numerosos Bispos e Cardeais e fieis vindos de diversas partes do mundo.

A Rádio Vaticano perguntou ao Cardeal Paul Joseph Cordes, que foi encarregado por São João Paulo II para o Apostolado do Caminho, o que representou Carmen para o Caminho Neocatecumenal:

“Carmen foi uma mulher muito importante para a iniciativa da nova evangelização. Kiko é o catequista, mas Carmen, com tantas inspirações teológicas e eclesiais, o ajudou muito; conhecia como poucos os documentos do Concílio Vaticano II; conhecia todos os discursos de João Paulo II, de Bento XVI, de Francisco. Para mim era um pouco como que a mente teológica do Caminho: posso afirmar que é por mérito seu que pude estudar muito bem a teologia. Sempre admirei o conhecimento e a insistência de Carmen sobre a verdade de fé”.

RV: Qual o legado de Carmen Hernandez para o Caminho Neocatecumenal?

“Como mulher, teve um papel muito importante na Igreja e ofereceu um modelo a todas as mulheres do Caminho Neocatecumenal: ser inspiradoras da fé e da piedade para o Caminho e para a Igreja. Isto a nível pedagógico. À parte isto, a sua inspiração, dos tantos discursos que fez – acompanhei por tantos anos o Caminho – sempre observei neles uma grande profundidade. À parte este modelo antropológico, é também um impulso, porque a Igreja tem necessidade da verdade da fé. A fé não nasce no coração do homem: nasce da Palavra de Deus e o Caminho, e em particular a Carmen, conheceu a Escritura. Isto é muito importante, porque mostra a grande força de Carmen em não esconder a verdade da fé. Quando conheci o Caminho, admirei muito também o conhecimento do Antigo Testamento que também nós da Igreja, os pastores, um pouco meio que esquecemos. E assim por toda a revelação, Carmen a articulou contra uma sensibilidade que hoje divulgamos aos fiéis: no meu coração sei aquilo que Deus quer. Isto não é verdade! Deus falou! Deus insistiu que nos tornamos santos pela vontade de Deus. Isto é importantíssimo! Assim, para mim, Carmen é uma figura que sublinhou, e que sublinha também no futuro, a dependência do homem da revelação, da vontade de Deus se este homem, esta mulher, querem ser missionários e divulgar a verdade da fé na sociedade de hoje”.

RV: O modo de relacionar-se de Carmen, era frequentemente franco e direto....

“Foram os traços principais que a acompanharam por toda a vida. Carmen procurou o seu caminho partindo da base da revelação e teve que lutar muito. Foi membro de uma Congregação e depois em uma periferia de Madrid. Vinha de uma família muito rica, muito estimada na Espanha. Assim praticou sempre uma verdade da clareza, da sinceridade que aplicou diante de todas as pessoas com as quais se relacionava. Algumas vezes parecia que isto ofendia as pessoas, mas eu vi sempre um grande amor por parte de Carmen. Não utilizou a diplomacia para esconder algo, como se costuma fazer: não dizemos mais a verdade porque não queremos ofender ninguém, mas assim a verdade é escondida. Pelo contrário, Carmen era sincera para o bem do outro. Algumas vezes a verdade nos incomoda: Carmen quis o bem do outro utilizando esta “verdade que incomoda” e não escondendo a verdade, cobrindo-a com um “molho doce”. Ela não fazia isto. Era um grande bem, pela sinceridade do contato de um homem com outro também na nossa Igreja. Quando vejo os nossos ambientes eclesiais...quanto se esconde! Quanto se fala de modo discreto, de forma escondida, quem sabe até mesmo se fale mal do outro... Também o Papa disse isto. Carmen não tinha esta “doença”. Assim, admirava a sua coragem e a sua sinceridade”.

RV: O que a Igreja perde com a sua morte?

“A morte de uma grande mulher é sempre uma grande perda para a Igreja. Eu sempre disse: “Carmen agora continua a inspirar o Caminho”. Eu não tenho muito medo da perda da Carmen, porque creio fortemente que também do céu nos inspirará com as suas pegadas. Se posso fazer uma comparação um pouco arriscada: João Paulo II morreu, mas continua a inspirar a Igreja; assim as grandes figuras da Igreja, que fizeram a sua obra no sentido de Deus, continuam também a inspirar mesmo estando mortos, porque do céu têm uma grande força. Nós, não por acaso, pedimos às pessoas que morreram, para que continuem a nos ajudar. Assim penso também que a perda de Carmen, humanamente, é um sofrimento, mas não quer dizer que deixará de inspirar o Caminho Neocatecumenal”.

 

(JE/PM)








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