2016-06-30 15:18:00

Milhões de sul-sudaneses a braços com escassez alimentar


Uma das 14 obras de misericórdia é “dar de comer a quem tem fome”. Uma responsabilidade de todos, mas também de cada Governo em relação à sua população. Mas são muitos os governos que, por diversas razões, não o conseguem fazer, havendo ameaças ou mesmo fome conclamada para diversos países e  milhões de pessoas no mundo.

Um dos países em questão é o Sudão do Sul, onde são cerca de 4,8 milhões de pessoas, mais de um terço da sua população, que terão de fazer face a uma grave escassez de alimentação. Ao mesmo tempo, o risco de catástrofe devido aos níveis de fome continuam a ameaçar partes do país, advertem as três agencias das Nações Unidas: FAO, PAM e UNICEF.

O Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo da ONU para a Infância sublinham que o nível de insegurança alimentar é sem precedentes.

Segundo os dados mais recentes do relatório do IPC, Classificação Integradas de Insegurança Alimentar, publicado estes dias, prevê-se que 4,8 milhões de pessoas vão ter necessidade urgente de assistência alimentar, agrícola e nutritiva no mês de Julho. Uma aumento significativo em relação às previsões feitas em Abril que eram de 4,3 milhões. Este é o mais alto nível da fome no país desde o início da guerra, há dois anos e meio. E há que considerar que este dado não inclui  os 350 mil residentes nas áreas de protecção dos civis pela ONU ou de outros campos para deslocados, completamente dependentes das ajudas alimentares.

“Estamos muito preocupados ao ver que a insegurança alimentar está a difundir-se para além das áreas envolvidas no conflito, devido ao aumento dos preços, das estradas danificadas e da interrupção dos mercados, factores que impedem a muitas famílias, mesmo as que vivem nas cidades, de ter acesso à alimentação” – afirmou o representante da FAO no país, Serge Tissot.

A insegurança alimentar e o conflito estão a obrigar muitas famílias a deixar o Sul do Sudão para os países limítrofes. Só nos últimos meses, cerca de 100 mil sul-sudaneses atravessaram a fronteira em direcção ao Sudão, ao Quénia, à República Democrática do Congo e ao Uganda, e este número está destinado a aumentar para mais de 150 mil pessoas até fins de Junho.

“Os níveis de má-nutrição entre crianças são deveras alarmantes” – afirmou por sua vez Mahimbo Mdoe, Representante do UNICEF no Sul do Sudão. “Desde do início deste ano, mais de 100 mil crianças foram submetidas a tratamentos devido à má-nutrição. Isto representa um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado e de 150% em relação a 2014”.

Juntamente com diversas ONG’s nacionais e internacionais, a FAO, o UNICEF e o PAM vão continuar a apoiar o Sudão do Sul com meios de subsistência no intento de salvar vidas humanas em condições difíceis.

“Assistimos actualmente a bruscos aumentos de necessidades em novas áreas, como por ex., a Equatoria Oriental e o Western Bahr el-Ghazal, onde as taxas de má-nutrição estão a atingir níveis realimente perigosos” – disse o Responsável do PAM no país, Joyce Luma que acrescentou: “Estamos a incrementar a assistência alimentar e nutricional, mas é preciso muito mais para que a situação não se deteriore ulteriormente durante a estação magra”

Neste ano de 2016 a FAO prevê dar assistência de emergência e apoio com meios de subsistência a 3,1 milhões de pessoas. Actualmente está a distribuir mais de meio milhão de kits para a agricultura e para a pesca e está a ajudar na criação de aninais através da vacinação de cerca de 11 milhões de animais. 

(DA)








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