Sinodalidade, tema mais fecundo nas relações entre católicos e ortodoxos


Cidade do Vaticano (RV) – Entre os presentes como enviado ao Concílio Pan-Ortodoxo realizado em Chania, na Ilha de Creta e concluído no último domingo, estava o oficial do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Padre Hyacinthe Destivelle, na qualidade de correspondente do L’Osservatore Romano. Ele conversou a este respeito com a Rádio Vaticano:

“Eu diria que além do documento sobre ecumenismo, sobre as relações com os outros cristãos, este Concílio é interessante sobretudo para nós católicos de um ponto de vista ecumênico, porque é a expressão da unidade da ortodoxia e também o fortalecimento da unidade das Igrejas Ortodoxas. A unidade da igreja Ortodoxa obviamente favorece também o diálogo da Igreja Ortodoxa com os outros cristãos, antes de tudo com a Igreja Católica. O segundo ponto é que o tema da sinodalidade é muito importante de um ponto de vista ecumênico porque também nós católicos, o Papa Francisco em particular, estamos muito interessados a este tema que é um tema muito rico e promissor para o futuro das nossas relações: a relação entre primado e conciliaridade, ou sinodalidade, e também o tema do diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa no seu conjunto. Este tema da sinodalidade é muito ecumênico e eu diria que, talvez, além dos documentos, este tema é o mais fecundo, atualmente, para as nossas relações”.

RV: O Papa expressou um juízo positivo sobre o êxito deste Concílio: “Foi dado um passo em frente”, afirmou, não obstante a desistência de algumas Igrejas. Qual a influência destas ausências?

“Devemos agora avaliar a recepção das decisões do Concílio por parte das Igrejas que não estavam presentes, para dar uma dimensão realmente pan-ortodoxa a este Concílio. Portanto, devemos ver agora. Talvez, os Santos Sínodos destas Igrejas tomarão em breve decisões, avaliarão a oportunidade de receber ou não estes documentos. Talvez uma das decisões, a mais importante, é o augúrio que Concílios semelhantes sejam convocados regularmente a cada sete ou dez anos. Portanto, este Concílio é seguramente o final de um caminho, mas é sobretudo o início de um caminho comum, um caminho sinodal. Este caminho teve início há 50 anos com todas as Igrejas, hoje vemos que faltavam algumas nele. Talvez este caminho dará, com o tempo, a possibilidade de todas as Igrejas serem envolvidas”.

RV: Um dos desafios para a Igreja Ortodoxa em geral é o de renovar-se mantendo a fidelidade às tradições. Quais são as premissas para isto?

“Este Concílio tem dois aspectos: um interno, porque praticamente todos os documentos tinham como objetivo resolver algumas questões internas á Igreja Ortodoxa. O segundo foi expresso na mensagem, e sobretudo na Encíclica, e é uma atitude da Igreja ortodoxa em relação ao mundo, na direção dos outros crentes e sobretudo outros cristãos. É a primeira vez que a Igreja Ortodoxa fala com uma só voz sobre estes temas não somente internos, mas também externos. E esta é uma novidade. Eu diria que a novidade mais importante deste Concílio é o Concílio em si mesmo, é a expressão e o fortalecimento da sinodalidade da Igreja Ortodoxa”. (JE/FS)








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