Tortura ainda é praticada em 140 países


Cidade do Vaticano (RV) – Recorre este domingo o Dia Internacional contra a Tortura, uma prática desumana ainda usada em mais de 140 países, vitimando milhares de pessoas. A Rádio Vaticano entrevistou o porta-voz da Anistia Internacional Itália, Riccardo Noury:

“A tortura é uma emergência global: ao menos 80% dos países que em 1984 assinaram a Convenção ONU contra a tortura continuam a recorrer a ela em modo substancialmente impune. Em alguns casos são punidos os opositores, em outros a tortura é uma verdadeira política de governo com base na qual o poder se mantém unicamente por meio da repressão. Como sempre a tortura moderna é um misto de métodos que recordam os suplícios medievais e de técnicas muito modernas  nas quais até mesmo se evita o contato físico entre o torturador e a sua vítima”.

RV: Existem projetos voltados à reabilitação dos sobreviventes?

“Sim, existem muitas organizações para os direitos humanos formadas por médicos, psicólogos, que fazem aquilo que os governos que torturam deveriam fazer, isto é, ao menos cuidar das vítimas que produzem. Nesta realidade isto não existe. Hoje a reabilitação no plano físico e psicológico, sobretudo em relação às mulheres que sofrem violência sexual – usada frequentemente como forma de tortura – é uma coisa preciosa e importante porque as ajuda a recuperar a confiança no mundo e na justiça, mas é algo que é delegado às organizações para os direitos humanos, aos médicos, aos psicólogos com recursos que, como sempre, são bastante escassos”.

RV: Qual é a situação dos refugiados na Itália?

“Existem vítimas de tortura. Basta pensar nos países de onde eles vem; me vem em mente a Eritreia, a Síria. Portanto, certamente, existem vítimas de tortura em nosso país cujas histórias, talvez, não são contadas, fogem ao controle e à possibilidade de receber cuidados médicos porque são pessoas que se isolam ou que são isoladas. Portanto é uma realidade escondida; pessoas que se encontram em meio a nós, quem sabe abandonadas sobre um banco, na rua, vivendo intensamente um trauma pós-tortura das quais vemos somente o lado exterior”.

RV: Que esforços são realizados pela Anistia Internacional?

“No dia 26 de junho nós continuamos a nível global a pedir leis contra a tortura, as pedimos também na Itália. Pedimos aos governos que têm estas leis, para que as respeitem na sua totalidade, pedimos aos órgãos internacionais que se ocupam da tortura para desenvolverem o seu trabalho por meio de pesquisas internacionais, sanções e condenações. Queremos que se tenha consciência de que a tortura no século XXI é algo inaceitável que atinge dezenas e dezenas de milhares de pessoas a cada ano e que deve ser erradicada de uma vez por todas”. (JE/GT)








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