Pe. Lombardi: Papa exorta armênios a serem apóstolos da paz


Yerevan (RV) – No final da tarde de sábado, no segundo dia em terras armênias, o Papa Francisco participou do Encontro Ecumênico e Oração pela paz na Praça da República, em Yerevan. O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, falou à Rádio Vaticano sobre o significado deste encontro:

“Ecumenismo e paz foi o tema do encontro desta tarde e o Papa deu uma mensagem do seu ponto de vista: extremamente elevado e profundo conclamando, no final de seu discurso, todo o povo armênio, mesmo o da diáspora, a ser mensageiro da paz, a conseguir levar a riqueza de sua experiência também de sofrimento, mas vivida na perspectiva cristã, a dar uma grande densidade e profundidade a um comportamento que se torne de reconciliação, de diálogo, de dignidade para todas as pessoas do mundo. Portanto, que o povo armênio consiga ser apóstolo de paz e não se deixe levar pela tentação da recriminação pelo seu passado extremamente doloroso. Esta me pareceu ser uma mensagem muito importante, também porque os problemas continuam a existir: problemas para a paz, também para o povo armênio e em toda esta região. Pensemos em Nagorno Karabakh que foi evocado pelo Papa com extrema discrição e pelo Catholicos de forma muito direta. A região tem as suas tensões ou mesmo conflitos em andamento e então a paz, não é somente uma palavra, mas é um comportamento que deve encontrar também os caminhos para traduzir-se na prática e isto requer uma convicção e uma disponibilidade muito profundas. O Papa deu neste sentido uma contribuição muito consistente, precisamente com o discurso desta tarde, fazendo um apelo também aos grandes sábios da tradição armênia, quer no que diz respeito ao caminho rumo à unidade cristã, fazendo um apelo a São Nerses - que é um Catholicos de alguns séculos atrás - como no que diz respeito à paz, aos comportamentos necessários para a paz, referindo-se a São Gregório de Narek, que é outro grande Santo da tradição armênia que o Papa proclamou Doutor da Igreja universal há um ano”.

RV: O Papa, portanto, ao expressar a sua proximidade, a sua solidariedade ao povo armênio, não quer dividir o mundo em vítimas e carnífices...

“Absolutamente! A mensagem cristã não pode nunca ser deste gênero, deve ser sempre aberta à esperança e à capacidade de construir reconciliação. Ao mesmo tempo, deve existir uma memória real das consequências do mal e do pecado que se manifestaram também no ódio, na violência de forma terrível: isto não deve ser escondido, não deve ser negado, mas deve ser assumido precisamente como base para um empenho renovado e muito intenso para que isto não ocorra nunca mais e para que se construa, pelo contrário, a paz nas bases sobre as quais deva ser construída, que são precisamente a compreensão, o diálogo, a reconciliação, a capacidade de perdão”.

RV: Foram diversos os símbolos realizados pelo Papa: a árvore plantada, abençoada e regada no Memorial; na Praça da República em Yerevan, a  água derramada sobre a terra da Armênia ao lado de Karekin II...

“Sim, existem gestos bonitos, gestos simbólicos que foram feitos no dia de hoje (sábado). Os do Memorial foram certamente muito eficazes, muito clássicos gostaria de dizer, como plantar uma árvore e regá-la para que possa crescer, e este é um símbolo da vida muito característico. E depois, esta Arca de Noé que foi doada ao Papa e na qual todas as crianças que vieram dos povos vizinhos traziam a terra de seu país e que depois era regada para gerar vida, foi também um sinal bonito de universalidade, de diálogo e de fraternidade entre a humanidade”.

RV: Também os sinais do Jubileu da Misericórdia fizeram-se presentes, com o encontro afetuoso do Papa com os órfãos do Convento de Nossa Senhora da Armênia, gesto que se insere a pleno título no que o Papa vem realizando neste Ano Santo....

“Eu diria que existiram tantíssimos gestos de misericórdia nestes dias: todas as vezes que o Papa encontra doentes, feridos, pessoas com necessidades especiais – e existem tantos deles nestes dias – estão nesta mesma linha. O Papa foi acolhido pelas irmãs armênias que tem um Abrigo para menores e que deram a ele de presente uma belíssima estátua de bronze de duas crianças – um menino e uma menina – que se apoiam, um sobre o outro, num caminho difícil: fazem pensar ao caminho percorrido pelos refugiados armênios por ocasião do Metz Yeghérn, os caminhos nos quais morriam milhares... Assim, as crianças órfãs que estão no coração do Papa, no coração da Igreja e que são ajudadas a reencontrar o caminho da própria vida e do próprio crescimento. No fundo, hoje houve também a recordação disto, quando alguns dos descendentes dos órfãos que foram acolhidos por Bento XV em Castel Gandolfo por ocasião do Metz Yeghérn, reencontraram o sucessor de Bento XV, o Papa Francisco”. (JE/GL)

 








All the contents on this site are copyrighted ©.