Pe. Zollner: Papa encoraja diplomados no curso sobre Tutela de Menores


Cidade do Vaticano (RV) – “Vocês estão realizando um grande esforço para prevenir e curar a chaga dos abusos contra menores, tenham coragem e paciência. Estou certo de que vocês encontrarão muitos sorrisos de gratidão”. Assim o Papa Francisco, em uma mensagem, saúda os primeiros 19 estudantes, religiosos e leigos de todo o mundo, diplomados na Pontifícia Universidade Gregoriana no Curso de Estudos Avançados intitulado “Tutela de Menores”.  Nesta terça-feira foi realizada no Ateneu a cerimônia de conclusão do semestre.

Iniciado em fevereiro de 2016 e oferecido uma vez ao ano – por meio de uma seleção – o Curso é interdisciplinar e interativo e deseja ser uma ulterior resposta responsável da Igreja sobre a uma questão que já causou tanto sofrimento. O Papel e a formação dos novos “experts”, nas palavras do Padre Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e Presidente do Centro para a Proteção de Menores da Gregoriana:

“Chegaram mais pedidos do que aqueles que poderíamos aceitar... No final, acolhemos 19, de 14 países de quatro continentes. Neste ano, uma clara maioria de pessoas vindas da África, que poderão ajudar assim as Igrejas locais, as Congregações religiosas e as instituições católicas em países onde até agora, no papel, talvez se fale dos direitos das crianças, mas de concreto existe bem pouco. Portanto, pessoas especializadas, capazes não somente de escrever documentos, mas realmente também de dissuadir as pessoas que sabem que acontecem crimes horríveis, mas não sabem como agir, que não sabem quais são as leis no país em que vivem, com as normas canônicas para a Igreja”.

RV: Quais os pré-requisitos exigidos para frequentar o curso?

“Os requisitos é que tenham o primeiro grau acadêmico, uma carta de recomendação de um Superior ou de uma Conferência Episcopal. A terceira exigência é que deveria ser demonstrado também um interesse pessoal para desenvolver este trabalho, pois este é um campo muito delicado e também muito pesado, e portanto, uma pessoa não pode simplesmente vir porque lhe foi pedido, mas deve vir por ter uma motivação própria, para depois retornar ao país de proveniência e poder trabalhar realmente de forma eficaz”.

RV: A abordagem do curso é interdisciplinar, correto?

“Sim, foram tratados temas que englobam diversas áreas do conhecimento: psicologia, psiquiatria, jurisprudência – do Direito Canônico às Ciências Sociais – saúde pública, até a teologia. Para nós é muito importante - e esta, acredito, é também a unicidade deste programa - colocar juntas todas as dimensões da pessoa humana, em uma visão realmente onicompreensiva. Temos também uma certa variedade de competências que cada candidato traz consigo e então temos buscado completar esta visão. Os candidatos poderão agora trabalhar nos setores de proteção ou de intervenção e poderão ser inseridos na Pastoral familiar, porque sabemos que em muitos países do mundo o grande problema está no contexto familiar”.

RV: O amor incondicional de Deus é vital para recuperar, para curar, os sobreviventes de tais experiências. Porém, é também importante o rigor e a firmeza de algumas decisões. Qual a sua opinião a respeito da última decisão do Papa na forma de Motu Proprio, no que tange aos bispos?

“O Motu Proprio “Como uma mãe amorosa” sublinhou algo que juridicamente já era claro e que o Santo Padre esclareceu muito bem e de forma muito decidida: que estes fatos não são algo leve. Especificou que a negligência do ofício em relação ao assunto do abuso dos menores não deve ser muito grave para ser julgado como crime, mas já no caso de uma “negligência”, pode ser julgado como um crime”.

RV: Com o tempo, com a educação, será possível erradicar esta chaga?

“Esta é uma das expectativas de todos aqueles que estão realmente se esforçando neste sentido, e é uma expectativa também compreensível. Mas, infelizmente, enquanto seres humanos, não será erradicado de uma vez por todas, é impossível. O mal está conosco. Infelizmente esta é a realidade da condição humana, a de que somos vulneráveis ao mal. Neste sentido, é importantíssimo que se faça o possível para que estes casos se verifiquem o menos possível. Por isto devemos estar muito alertas, alterando não somente os conhecimentos – porque os temos – mas precisamos desenvolver a atitude apropriada e também prontos para intervir, de modo que os mais vulneráveis sejam mais protegidos. Jesus nos ajuda e nos dá esperança, mas também temos de fazer a nossa parte”. (JE/GC)








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