Visita do Papa ao PMA: fome deve pertencer ao passado, diz Mons. Chica


Cidade do Vaticano (RV) - “O alimento encontra diante de si os muros, enquanto as armas circulam tranquilamente.” Foi o trágico paradoxo evidenciado pelo Papa Francisco em seu discurso na visita esta segunda-feira (13/06), em Roma, à sede do Programa Mundial Alimentar, que o observador da Santa Sé junto à agência humanitária das Nações Unidas, Mons. Fernando Chica Arellano, definiu um dos “pontos mais luminosos” do pronunciamento do Pontífice. Eis o que disse Mons. Chica, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Mons. Fernando Chica Arellano:- “Faço um convite a ser lido todo o discurso do Santo Padre, porque a meu ver trata-se de um texto verdadeiramente programático que ajuda todos. O Papa disse que não podemos considerar a fome um problema a mais, não podemos habituar-nos com o fato de existir famintos no mundo. Ou seja, os famintos devem realmente mexer com a nossa consciência e será a única maneira de realmente se fazer alguma coisa, não confiar somente nas palavras, mas começar a agir. Os gestos: palavras e gestos, as duas coisas. Se pensarmos: “A fome existe desde que o mundo é mundo”, então é como se a consciência do homem fosse anestesiada. Ao invés, devemos considerar a fome um grande problema premente, a ser combatido a ponto de se dizer “basta”. A fome deve pertencer aos museus, isto é, ao passado.”

RV: O Santo Padre referiu-se também às armas: a certa altura de seu discurso, disse: “As armas circulam tranquilamente, ao invés, tem-se dificuldade de levar o alimento aonde serve”. Esse é um problema da humanidade...

Mons. Fernando Chica Arellano:- “Creio que esse foi um dos pontos mais luminosos do discurso, é o que me parece. Foi um dos pontos – e ouvi isso também de meus colegas – que mais tocou a comunidade internacional, porque me parece que o Papa colocou o dedo na ferida. Em espanhol, disse: “Liberdad jactanciosa”: as armas circulam e, ao invés, os alimentos emperram estagnados diante dos muros, diante das dificuldades porque às vezes existem tantas leis que impedem de lá, impedem de cá... Enquanto há toda uma burocracia em movimento, nossos irmãos encontram-se famintos, clamantes... Por isso o Papa convidou, sobretudo, a se pensar a fome não como uma ideia abstrata, como uma teoria, mas a dar um rosto ao faminto. O combate à fome começa quando cada um de nós realmente tem consciência do fato de que o faminto não é um número, não é uma estatística. Este é o apelo do Santo Padre: a uma colaboração internacional em prol de uma colaboração ampla, com palavras, mas, sobretudo, com obras, com iniciativas, com medidas concertas e eficazes.” (RL)








All the contents on this site are copyrighted ©.