Cardeal chileno preside Missa em desagravo por profanação


Santiago do Chile (RV) - Uma missa em desagravo pela profanação ocorrida na quinta-feira, (09/06), foi celebrada pelo Cardeal Arcebispo de Santiago, Dom Riccardo Ezzati, na Igreja "Gratitud Nacional".

"A intolerância dos fanáticos e de sua violenta irracionalidade foram uma grave ofensa contra Deus e toda a comunidade daqueles que acreditam em Cristo", afirmou o Cardeal na homilia.

"Fatos violentos que infelizmente tornam-se sempre mais frequentes, evidenciam uma crise de consciência nacional", havia afirmado o purpurado poucas horas após o saque à Igreja.

Durante uma violenta manifestação estudantil em Santiago do Chile, que provocou um morto, um grupo de encapuzados invadiu o templo administrado pelos salesianos, provocou diversos danos e arrastou para a rua uma cruz de madeira com Jesus Crucificado em tamanho natural, sendo então destruída.

Não confundir direito com violência

Na entrevista concedida ao jornal chileno "La Tercera", o Cardeal Ezzati afirmou que as manifestações sociais supõe o exercício de um direito e não deveriam nunca “confundir-se com” ou “degenerar em” violência.

Da mesma forma, o prelado advertiu que o uso ilegítimo da força pública não deveria ser confundido com o abuso da polícia".

"Não percamos a capacidade de fazer estas distinções e evitar de colocar tudo no mesmo saco", disse o purpurado, ao reafirmar que as generalizações não ajudam a resolver os conflitos.

Acessos dos jovens à educação de qualidade

Interpelado sobre a ameaça por parte dos estudantes de intensificarem as mobilizações, o Cardeal chileno afirmou que "um bom propósito não justifica o uso de qualquer método para atingi-lo". E acrescentou que o que é realmente importante é que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade.

"Para todos, não somente para alguns – alertou -  porque uma boa reforma na educação não se faz partindo de uma ideologia fechada, mas partindo de e com a contribuição de experiências plurais".

A Conferência de Estudantes do Chile contesta a "falta de clareza" na reforma na educação que o governo tenta implementar e anunciou que as mobilizações continuarão.

Dez igrejas queimadas em 2016

Incendiar Igrejas tornou-se uma prática também na região de Araucania, sul do país, onde há mais de 20 anos o povo mapuche luta pela própria terra, hoje propriedade de empresas agrícolas e florestais. Desde o início de 2016, cerca de 10 capelas e igrejas católicas e evangélicas foram queimadas na região.

Os ataques são de autoria de pequenos grupos radicais que veem na religião cristã uma forma de colonização, mas que não representam a maioria do povo mapuche que condena este tipo de ação.

A Coordenação das comunidades no conflito Mapuche (CAM) afirmou que os grupos violentos veem a Igreja muito próxima aos interesses econômicos dos grupos que controlam as terras.

Pedido legítimo

A respeito dos ataques, o Arcebispo de Santiago diz estar convencido que reduzir o tema 'mapuche' a um simples controle da polícia poderia sim evitar os atentados, mas não resolveria a raiz do problema.

"Existe um pedido legítimo de um povo que nunca foi ouvido", afirmou o purpurado. "E deveríamos assumir e aceitar a responsabilidade que corresponde às  autoridades, à sociedade civil e às comunidades que partilham aquela terra".

O Cardeal Ezzati afirmou que a Igreja sempre reconheceu a questão territorial do povo mapuche e de querer fazer parte da solução, mas ao mesmo tempo deve defender a liberdade religiosa dos numerosos mapuches católicos e evangélicos, cujas capelas e igrejas foram incendiadas. "Devemos trabalhar para identificar e resolver as causas profundas da atual violência", defendeu. (JE/AT)








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